O YouTube, plataforma de compartilhamento de vídeos, removeu um novo vídeo do presidente Jair Bolsonaro nesta terça-feira (20).
Desta vez, o conteúdo estava publicado no canal do próprio mandatário, que utiliza o espaço desde 2009 para difundir suas ideias e pensamentos.
De acordo com o YouTube, o chefe do Executivo violou as regras do site ao compartilhar informação ‘incorreta’ sobre a Covid-19.
O vídeo em questão foi transmitido no dia 14 de janeiro. Nas imagens, Bolsonaro aparece ao lado do então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, fazendo a defesa de um tratamento precoce contra a Covid-19.
Em outro momento do vídeo, ele questiona o uso de máscaras e também critica as medidas de endurecimento no combate à pandemia.
“Como parte de nosso trabalho contínuo para apoiar a saúde e o bem-estar da comunidade de usuários do YouTube, expandimos nossas políticas de desinformação médica sobre a COVID-19. A menos que haja contexto educacional, documental, científico ou artístico suficiente, a plataforma passará a remover vídeos que recomendam o uso de Ivermectina ou Hidroxicloroquina para o tratamento ou prevenção da COVID-19, fora dos ensaios clínicos, ou que afirmam que essas substâncias são eficazes e seguras no tratamento ou prevenção da doença. A atualização está alinhada às orientações atuais das autoridades de saúde globais sobre a eficácia dessas substâncias. Desde o início da pandemia, o YouTube já removeu mais de 850 mil vídeos por violarem as políticas de conteúdo da plataforma sobre o coronavírus”, justifica a plataforma.
Tratamento precoce
Apesar da decisão emitida pelo YouTube, no dia 23 de fevereiro deste ano, o movimento Médicos Pela Vida veiculou um manifesto assinado por 2.122 médicos brasileiros a favor do uso de medicamentos para o tratamento precoce da Covid-19.
Nele, os profissionais de Saúde defendem a autonomia para atuar com determinados tipos de medicamentos, uma vez que tais substâncias estão sendo desprestigiadas pelos governantes, partidos políticos e veículos de comunicação.
O texto destaca a importância em minimizar os efeitos do coronavírus, que muitas vezes se agrava devido à demora em tratar pacientes infectados com o vírus. Os médicos afirmam que os medicamentos citados no manifesto podem e devem ser utilizados para o enfrentamento da doença.
“Destacamos que a abordagem precoce não se trata apenas do uso de uma destas drogas (cloroquina e hidroxicloroquina), mas de sua combinação com outras medicações, além de monitoramento extensivo do paciente e a recomendação de intervenções não farmacológicas, como a fisioterapia”, diz o documento.
Em outro trecho da nota, os profissionais frisam os resultados positivos em cidades e estados que fizeram uso das substância, apresentando, segundo eles, redução em redes hospitalares.
“Uma das maneiras de se validar o efeito de um tratamento é fazer com que ele seja reprodutível. Os relatos de cidades e estados que adotaram as medidas para intervenção precoce na Covid-19 têm mostrado bons resultados, com a diminuição da carga sobre os sistemas de saúde”, acrescenta.
Por fim, os médicos afirmam que além do embasamento científico, há também o parecer do Conselho Federal de Medicina e a Declaração de Helsinque que reiteram a necessidade de agir atitudes em situações graves como a crise da pandemia, mediante consentimento do paciente.
“Quando métodos profiláticos, terapêuticos comprovados não existirem ou forem ineficazes, o médico, com o consentimento informado ao paciente, deve ser livre para utilizar medidas profiláticas, diagnósticas e terapêuticas não comprovadas ou inovadoras, se no seu julgamento, esta ofereça esperança de salvar vida”, declara o grupo pró-tratamento precoce.
O Conexão Política teve acesso ao documento, disponibilizado em arquivo PDF (leia aqui).