Em uma manobra evasiva para trazer o debate público para o reino da desinformação, o ditador socialista Nicolás Maduro anunciou um novo “tratamento misterioso” que desperta preocupação na comunidade científica.
O tratamento da emergência sanitária causada pelo vírus chinês na Venezuela é desastroso. Somente na última semana foi registrado a morte de 15 médicos e 3 enfermeiras. Já são mais de 400 mortes de profissionais de saúde no país.
“Não há nenhum país no mundo, por mais pobre que seja, em que o número de mortes de seus profissionais de saúde seja de 33% do total de mortes”, denunciam porta-vozes da legítima Assembleia Nacional venezuelana, eleita em 2015.
Além disso, sabe-se que o regime socialista madurista deliberadamente não aplicou milhares de testes de PCR para detectar pacientes infectados com o vírus chinês. E não há perspectivas promissoras de vacina contra a doença no país sul-americano.
Em meio a essas notícias, o ditador Nicolás Maduro desvia a atenção com o anúncio de um suposto “antiviral”, que segundo ele, “neutraliza 100% o coronavírus”. Além disso, “não tem efeitos colaterais”, disse o ditador socialista.
A primeira resposta da comunidade científica venezuelana ao anúncio é ceticismo.
“Todos os medicamentos devem passar pelo rigor do método científico. Falta muito para se recomendar porque não tem esse rigor”, disse Enrique Montbrum, especialista do Hospital Vargas de Caracas, citado no jornal argentino La Nación.
Este anúncio segue-se a outros não menos polêmicos feitos pelo ditador venezuelano, que anunciou anteriormente o tratamento da covid-19 com chás de ervas, tratamentos homeopáticos e moléculas curativas. Todos os anúncios sem base médica científica ou a comprovação de resultados eficazes.
Até o momento, a maioria dos venezuelanos não tem acesso a cuidados adequados de saúde. O deputado venezuelano, José Manuel Olivares, médico oncologista, disse que a escassez de material hospitalar em seu país ronda os 80%.
A maioria dos equipamentos, como tomógrafos, ressonâncias magnéticas e raios-X, não estão operacionais; o que torna ainda mais difícil o manejo de doenças como a covid-19, acrescenta Olivares.
O “milagroso” Carvativir
A Academia Nacional de Ciências da Venezuela estudou o produto milagroso anunciado por Maduro. Em um estudo preliminar, a instituição não descarta as propriedades terapêuticas do medicamento. Mas ele adverte que ainda é muito cedo para dar um veredicto sobre suas verdadeiras capacidades como tratamento contra a covid-19.
Em primeiro lugar, sabe-se que o “Carvativir” contém um derivado da planta conhecida como tomilho. O remédio, dizem eles, “não é novidade, pois tanto os extratos quanto os produtos puros de tomilho já têm uma longa tradição como agentes terapêuticos desde os tempos antigos”.
A Academia Nacional de Ciências da Venezuela afirma que o Carvativir tem potencial para tratar a covid-19. Mas adverte que “é prudente esperar mais dados dos testes do Carvativir, de acordo com os protocolos internacionais para se qualificar como candidato a um medicamento anti-Covid-19”.
Um componente semelhante ao contido no Carvativir, diz o estudo de cientistas venezuelanos, foi usado no tratamento experimental que o presidente Donald Trump recebeu com o Remdesivir.
Com informações, La Nación.