Faz tempo que é perceptível a perda de referências que muitas sociedades, notadamente as ocidentais, vêm sofrendo nas últimas décadas e as consequências desta sobre sua estrutura e desenvolvimento socioeconômico, a ponto de se colocar em dúvida o futuro destas. Reitero que a incessante busca pela destruição dos valores familiares – e sobretudo, daqueles da tradição judaico-cristã – está no cerne da questão.
Antes de nos debruçarmos a respeito de com que finalidade e a quem interessaria tal intento, gostaria de discorrer sobre mais uma das nefastas consequências deste processo sobre as relações humanas e os mecanismos para tanto.
Desde tenra idade, lembro-me de ser orientado – e sempre cobrado se disto me afastasse – para a ação criadora, agregadora, geradora de valor, de colaborar com quem necessitasse de minha ajuda, para trabalhar duro, não invejar a situação do outro e conduzir o cotidiano sempre pautado pelo respeito às leis, aos mais velhos, em particular, e, sobretudo, a nós mesmos.
Hoje, nem tantos anos depois, percebo-me envolto em uma atmosfera que, diariamente, e de modo cada vez mais disseminado, conduz a juventude em direção oposta a tudo o que sempre acreditei ser o correto, pois para tanto fora orientado e doutrinado no agir, no que persisto individualmente como filho, esposo, profissional e chefe de família.
Nas orações encontro e renovo as energias para superar e seguir adiante na mesma intensidade com que entristeço imerso nesta realidade que me traz sucessivos constrangimentos e, porque não dizer, algum sofrer… Me deparo com uma quantidade crescente de pessoas, algumas com idade suficiente para ser considerado adulto, cujo intuito principal, em atos, omissões e palavras, é a destruição, não importando com qual finalidade.
Vandalismos, ataques físicos e assassinatos de reputações, quando não reprimidos ou criminalizados, se repetem, incentivando novas incursões. O bom-senso e o dever de se contrapor a tudo isto perdem lugar em face do medo de sofrer retaliações. E se o sistema formal não lhes impõe limitações, não cobra responsabilidades, estes indivíduos sentem-se autorizados a seguir repetindo o expediente… Desistiremos de nosso bem maior, a liberdade? Ou simplesmente já abrimos mão de nossa consciência? A que título?
Estamos vivendo o que chamo de “Era das leviandades”. Destrói-se por prazer, edificações, veículos, todo o tipo de bens materiais, enquanto são construídas injúrias… que soam, ressoam, são repetidas, retransmitidas sem a mínima preocupação. É tudo muito “fluido”, relativo… Não há, via de regra, o mínimo questionamento quanto às repercussões do ato. Parece que ninguém mais se importa com agressões injustas, desde que seja dirigida a outrem… Dá-se pouca ou nenhuma importância à dimensão moral do ser, inclusive a de si próprios.
“Releve, é o jeito dele!”, insistem os politicamente corretos, que nos imputam a responsabilidade por evitar um conflito já instalado e que, hipocritamente, insistem em negar.
Não percebem que, ao caminharmos para dar plena vida ao Leviatã, substituímos, a ponto de já não mais ser possível retroceder, de não mais haver volta, abrindo mão da magnífica condição de cidadão para nos entregarmos, sem a menor resistência, à deplorável sociedade de levianos…
Então, caberá a nós, que ainda sentimos o mal que outros nos fazem, que não nos acostumamos a e tampouco aceitamos este viver de pequenas e irrefletidas maldades, gente que serve para viver, pois sabemos o mal que a outros podemos fazer, sejamos o último obstáculo para que não seja alcançado este triste fim! Mas, para tanto, é preciso agir contra este estado de coisas, em prol de si mesmo, de sua família, de nossa cidade, de nosso país. Pense nisso.