Um misterioso avião russo viajou entre a Venezuela e Cuba nos últimos dias e voltou para Belém, no Pará, em 12 dezembro, seguindo em seu voo de volta para a Rússia, segundo informações do site AEROIN. O objetivo da viagem é mantido em sigilo absoluto.
No último dia 7, a AEROIN noticiou a partida da aeronave, que inicialmente só iria para a Venezuela, como ocorreu no passado. No entanto, desta vez, segundo o FlightRadar24, a aeronave saiu do Caribe e prosseguiu para Caracas.
O Tupolev 154 (Tu-154M) em questão é o de matrícula RA-85019, pertencente ao FSB – Federal’naya Sluzhba Bezopasnosti – ou Serviço Federal de Segurança da Rússia. O FSB é uma das agências que surgiram após o desmantelamento da KGB.
“A aeronave reapareceu voando para o sul, apenas uma parada para reabastecimento em Caracas. Ela estará voltando para a Rússia agora depois de passar alguns dias em Cuba”, informou o ConflictsW no Twitter, em 12 de dezembro.
Aircraft reappeared flying south, only a refuel stop in Caracas then. It will be heading back to Russia now after spending a couple of days in Cuba https://t.co/E2bs28vb2c pic.twitter.com/7RpId6Nv9M
— CNW (@ConflictsW) December 12, 2020
Para chegar à América Latina, a aeronave fez uma longa viagem. Saiu de Moscou, passando por Sochi, Argélia e Cabo Verde para finalmente chegar a Belém do Pará. De Belém foi para Caracas, na Venezuela, e depois não foi mais visto no aplicativo de rastreamento de voos.
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Na volta, o avião retornou à cidade brasileira, segundo a AEROIN, e provavelmente decolou ruma à Ilha do Sal, em Cabo Verde, seguindo a rota inversa até a Rússia. Caso esta rota inversa se confirme, a aeronave terá percorrido em torno de 15.978 km só no trecho de volta.
Uma informação que a AEROIN observou quando o avião decolou na viagem de volta é preocupante. O site informou que o avião russo utilizou praticamente toda a pista de 2.800 metros do Aeroporto Internacional Val de Cans. Isso indicaria que ele estaria carregando uma carga pesada.
A decolagem de Belém foi gravada pelo spotter César Cardoso.
Apoio Russo a Maduro
A presença de militares russos na Venezuela é amplamente documentada. E, com Cuba, os russos também mantêm amplo intercâmbio na área de armas.
Esta cooperação com a Rússia é essencial para sustentar o chavismo e o castrismo, respectivamente, na Venezuela e em Cuba, segundo um artigo publicado pelo ‘think tank’ Center for Strategic and International Studies (CSIS).
É por isso que há a presença constante dos militares russos na Venezuela.
A Rússia atua como credor de última instância, ajuda a Venezuela a burlar sanções contra o petróleo, incentiva campanhas de desinformação e oferece suprimentos militares ao regime de Maduro, diz o artigo do CSIS.
Militarização russa em Cuba
Aparentemente, nesta ocasião, o alvo final do avião era Cuba. Mas ele fez escalas em Caracas antes e depois de visitar a ilha das Antilhas.
Rússia e Cuba mantêm cooperação militar desde 2006. Os acordos mais recentes foram definidos em 2016 e permanecem até 2020.
Em 2018, a Federação Russa abriu uma linha de crédito de 50 milhões de dólares que permitiria a Cuba comprar “todos os tipos de armas”, o que incluem tanques e outros veículos blindados e peças sobressalentes para o armamento militar existente na ilha. Nesse arsenal estão os tanques T-61 e os blindados BTR-60.
Até fevereiro de 2019, a Rússia deu a Havana 38 milhões de euros, o que garantiria o desenvolvimento de seu complexo militar-industrial de defesa.