Uma menina cristã de 13 anos no Paquistão se reencontrou com sua família três semanas depois de ter sido sequestrada e forçada a se casar com um muçulmano.
De acordo com a International Christian Concern, a garota de 13 anos foi sequestrada por Ali Azhar, de 44 anos, enquanto brincava fora de sua casa em Karachi.
Os pais da menina alertaram imediatamente a polícia, que iniciou uma investigação. Em 15 de outubro, policiais informaram aos pais que sua filha “se casou” com Azhar, alegando que a criança havia se convertido “voluntariamente” ao Islã.
A família afirmou que os documentos de casamento foram falsificados. O caso foi a tribunal em 27 de outubro e o juiz concedeu a guarda da menina a Azhar.
Enquanto a notícia circulava pela cidade, líderes da Igreja Católica no Paquistão e ativistas de direitos humanos argumentaram que a adolescente provavelmente foi coagida a se casar com seu sequestrador.
Seguiu-se um protesto público e os manifestantes exigiram a intervenção dos tribunais.
“É responsabilidade do Estado proteger seus cidadãos, especialmente as meninas menores”, disse Joseph Arshad, um arcebispo local.
Em 2 de novembro, a Suprema Corte de Sindh ordenou que a polícia encontrasse a menina e ela foi localizada no mesmo dia. Azhar foi preso naquela noite.
A menina está atualmente sob custódia preventiva até uma audiência no tribunal em 5 de novembro.
O advogado da família, M. Jibran Nasir, tuitou: “O lugar mais seguro para uma criança é com seus pais. Esperançosamente, que o Tribunal a devolva aos pais logo após a próxima audiência.”
“Alhumdulillah Arzoo foi rastreada e encontrada e está sendo enviada para uma casa-abrigo de acordo com ordens judiciais. O lugar mais seguro para uma criança é com os pais, quando eles não são os criminosos do crime de casamento infantil. Aguardando com esperança que o Tribunal irá devolvê-la aos pais logo após a próxima audiência”, escreveu Nasir, em 2 de novembro de 2020 no Twitter.
Alhumdulillah #Arzoo has been traced & found & is being sent home to a shelter house as per Court Orders. Safest place for a child is with her parents when they aren't not the offenders of crime of child marriage. Hopefully Court will return her to parents soon after next hearing https://t.co/WH1Mua1rSD
— M. Jibran Nasir 🇵🇸 (@MJibranNasir) November 2, 2020
Outros casos
Tragicamente, o caso de Arzoo não é incomum no Paquistão. Em agosto deste ano, o Conexão Política noticiou mais um caso de sequestro de meninas no Paquistão, da adolescente cristã paquistanesa Maira Shahbaz. Ela chorou depois de ouvir a decisão do juiz de que seu casamento forçado seria mantido e também a sua “conversão” ao islamismo.
Maira Shahbaz e sua família dizem que ela foi sequestrada à mão armada, em abril, por um homem muçulmano, Mohamad Nakash, e forçada a se casar com ele. Mais tarde, em julho, um imã local emitiu um decreto chamando o casamento de inválido, e Maira acabou sendo autorizada a viver em um abrigo para mulheres até que um processo judicial sobre seu sequestro e casamento fosse resolvido.
De acordo com o Breitbart, quando a família de Maira relatou seu sequestro, Nakash mostrou às autoridades uma “certidão de casamento” de seis meses antes do sequestro e declarou que a menina tinha 19 anos. Sua família apresentou uma certidão de nascimento provando que ela tem apenas 14 anos – ainda assim o juiz decidiu a favor de Nakash.
Se sua decisão não for anulada, a garota será legalmente obrigada a deixar o abrigo e retornar ao casamento escravizado.
Além desses dois casos, outra adolescente cristã paquistanesa que foi sequestrada, forçada a se converter ao islamismo e se casar com um de seus sequestradores no ano passado, agora está grávida e permanece confinada em um quarto, segundo o advogado da família.
Tabassum Yousaf, um advogado que representa os pais de Huma Younus, de 15 anos, disse à instituição de caridade Aid to the Church in Need – ACN (Ajuda à Igreja que Sofre) que Huma conversou com seus pais recentemente por telefone, informando-os de que ficou grávida após repetidas agressões sexuais.
Em fevereiro passado, um tribunal superior do Paquistão proferiu uma decisão baseada na lei islâmica “sharia” que dizia que os homens no Paquistão podem se casar com meninas menores de idade, desde que tenham seu primeiro ciclo menstrual. A decisão veio durante a última audiência do caso de sequestro de Huma.
Naquela época, a International Christian Concern (ICC), um grupo de vigilância contra a perseguição cristã, relatou que a decisão estava em oposição direta à Lei de Restrição do Casamento Infantil ‘Sindh’, que proíbe o casamento com menos de 18 anos.
Os críticos dizem que a ‘Lei Sindh’ foi aprovada apenas para que o mundo exterior acreditasse que o Paquistão estava se movendo na direção certa para proteger as crianças, mas dentro do país, jovens cristãs e hindus ainda são forçadas a “se casar” com homens muçulmanos.