Por Almerinda de Sousa Duarte
A Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz, órgão da administração indireta vinculado ao Ministério da Saúde, responsável pelo ensino, pesquisa, produção e assistência em saúde, tem em seu estatuto a garantia de eleições para formação de uma lista tríplice, que constará com os nomes dos três candidatos mais votados. Poder escolher o dirigente de uma instituição pública é um privilégio de poucos!
Assim é que de quatro em quatro anos, a Fiocruz experimenta eleições para que seus servidores possam escolher, livremente, os três nomes que serão submetidos ao escrutínio da Presidência da República.
Este ano de 2020, mesmo no transcurso de uma epidemia de Covid-19, a fundação está em plena campanha desde o dia 19 de outubro de 2020.
São quatro os candidatos que concorrem à eleição para a composição da lista, um deles, Florio Polonini Junior, mais conhecido como Florio Polonini é o ‘estranho no ninho’ das eleições Fiocruz, que é dominada por um mesmo grupo político há 35 anos.
A história de vida de Florio Polonini e sua trajetória vitoriosa já seriam motivo para votar nele, sem dúvidas. Certamente é um brasileiro valoroso e em quem se pode confiar a condução da Fiocruz.
Florio Polonini é negro e favelado – como costuma dizer –nasceu em uma comunidade violenta no Rio de Janeiro e precisou trabalhar desde cedo para ajudar a família de 10 irmãos. Mas apesar das intempéries da vida formou-se em Contabilidade e finalizou duas pós-graduações com muito sucesso. Ele ingressou na Fundação Oswaldo Cruz por concurso público para atuar como Analista de Gestão, realizando um trabalho com contas públicas, sua maior especialidade.
Conhecendo profundamente a gestão institucional, Florio Polonini decidiu candidatar-se à Presidência de sua instituição, mesmo sabendo que iria enfrentar um grupo muito forte que dirige o órgão há mais de três décadas.
Os órgãos públicos, mesmo quando desprovidos de instrumentos democráticos como os que a Fiocruz possui, têm alternância no poder dirigente, pois mudando a política nacional, altera-se a política dos órgãos federais. A Fundação Oswaldo Cruz está há 35 anos sob a direção de um único grupo de viés de esquerda.
Assim é que a candidatura do Florio Polonini representa uma quebra de paradigma. Órgãos públicos não deveriam pertencer a ninguém, posto que públicos. Mas o grupo dirigente da Fiocruz tem a crença de que somente ele sabe gerir a instituição, somente ele sabe o que é melhor para a saúde pública do país. É como aquela mãe que vê seu filho marchando no dia da Parada de 7 de setembro: todos estão marchando errado só meu filho marcha corretamente.
Ademais, é justamente a alternância de poder que caracteriza uma verdadeira Democracia, mas na boca daqueles que se revezam no poder é apenas um verbete sem conteúdo algum.
Alguns têm a ousadia de afirmar que Florio Polonini não tem um currículo fascinante ou prêmios científicos e que nem é PhD para comandar uma instituição de pesquisa, nem tampouco experiência em gestão teria.
Francamente, quem afirma isso esquece que Oswaldo Cruz – célebre sanitarista que enfrentou a Febre Amarela em 1901, no Brasil – assumiu a Diretoria Geral de Saúde Pública, equivalente ao Ministério da Saúde de hoje, com menos de 30 anos de idade.
Não sou eleitora na Fiocruz, mas caso fosse, o Florio Polonini teria o meu voto, certamente. Além de jovem e determinado, tem a ousadia e a bravura para resgatar a instituição das mãos de poderosos. É o Davi enfrentando o gigantesco Golias.