Por Dr. Hélio Angotti Neto. Médico, Professor, Membro do Docentes Pela Liberdade, Oftalmologista e Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde.
Um passo a mais foi dado rumo ao abismo das trevas e da ignorância violenta que tanto destrói e diminui o ambiente educacional brasileiro. O então Presidente da Associação “Docentes pela Liberdade” (DPL), Professor Marcelo Hermes, o Professor e Diretor Financeiro Peterson Dayan e outros membros receberam ameaças de morte originadas de um perfil que se identifica como “Antônio Barbosa”, de claro viés de esquerda e, conforme declara, pertencente a um grupo de “professoras e professores antifascistas”, no qual são enaltecidas figuras como Che Guevara, Lula e Boulos.
As ameaças consistiram em um convite a fazer uma tocaia assassina, conclamando outros “ANTIFAS”.
“Aqui em Brasília tem um grupo de professores bolsominions que precisa ser destruído (…) começando pelo presidente Marcelo Hermes e diretor financeiro Peterson Dayan (…). Esses dois precisam ser aniquilados. Sei onde eles moram, vamos planejar.” (Postagem de 12 de outubro de 2020)
Que o DPL atraia tais ameaças não chega a surpreender, pois isso somente reproduz o espírito de incontáveis situações de agressão que professores liberais e conservadores sofrem há anos no Brasil e em diversos locais do mundo. O próprio DPL surgiu como resposta às agressões contra a intelectualidade que ousou estar fora do curral hegemônico e a missão da associação é profundamente hostilizada, visto que ambiciona elementos essenciais à condição humana digna – liberdade e segurança – conforme publicamente declarado. Elementos estes diametralmente opostos às tentações totalitárias de alguns que se colocam na posição de reformadores ideológicos do mundo.
Eis a missão declarada do DPL:
Potencializar as ferramentas educacionais, filosóficas, científicas, artísticas e da alta cultura, a fim de criar condições para trabalhar com liberdade, segurança jurídica, e desenvolver o país.[1]
Contudo, como se nota, liberdade de consciência nunca foi uma pauta digna de respeito ao se considerar o comportamento de movimentos totalitários, como aquele que ocorreu na China Maoista ou como ocorre no microcosmo radicalizado das ciências sociais na universidade brasileira.
Que das ameaças e inúmeros assédios individuais – muitas vezes velados – tenhamos uma evolução para uma conclamação pública de execução de professores é um crime e um indício que não podem ser ignorados, sob pena de permitir uma escalada violenta de uma ideologia criminosa que já foi responsável por centenas de milhões de mortes, pior do que todas as pragas e epidemias surgidas ao longo de séculos, e pior do que qualquer outa forma de regime político.[2]
É nesse contexto odioso de perseguição política e assédio, que envolve não somente a professores mas também a alunos que ousam declarar que pensam diferente dos tiranos das cátedras, que o DPL foi criado com a vocação de ser um local de liberdade e crítica em busca de excelência, impossível de ser alcançada sem a possibilidade de pluralismo de ideias.
Que alguns cogitem partir para a agressão física não é algo inesperado, mas indica que a associação de professores que anseia por liberdade incomoda, e incomoda profundamente.
Uma ferida da academia brasileira foi exposta pelo DPL e ainda está a sangrar. E há quem deseje que a ferida do totalitarismo continue aberta, matando suas vítimas aos poucos. E estas vítimas nada mais são do que a vida, a inteligência e a liberdade de nosso povo, acossadas por visões fanáticas de pequenos tiranetes que se acham no direito de utilizar nossos jovens como bucha de canhão em uma guerra política.
A expressão pública de intento assassino é um passo que não pode ser negligenciado. É o passo de quem sabe estar destinado à derrota no campo das ideias e dos valores e se desespera, preparando-se para lançar mão do recurso de quem já não tem argumento racional algum.
Mesmo que o autor do chamado à violência não ambicione levar sua atitude a êxito, o sinal fica dado e não pode ser ignorado. Assim como um perigoso militante respondeu ao estímulo esquerdista violento contra o candidato à Presidência da República hoje eleito, Jair Messias Bolsonaro, e o esfaqueou em plena campanha eleitoral, também hoje outros podem querer responder ao chamado, haja visto que lidamos com pessoas profundamente perturbadas e impressionadas por uma mentalidade genocida e totalitária.
Ao estudarmos o comportamento dos confrontos contemporâneos e das redes ideológicas difusas e sem laços institucionais, como é o caso do violento e burro “progressismo radical” que viceja em certas universidades, não podemos negligenciar o perigo que representa uma voz de comando clamando por violência nas redes. Esse foi um ato perigoso e muito significativo que precisa ser encarado com a devida seriedade.[3]
Sem liberdade e segurança, a universidade brasileira perderá vigor e suprimirá a inteligência. Sem liberdade e segurança, nossos professores e alunos estão expostos às mais ridículas e monstruosas manipulações e censuras, agora intensificadas e revelando sua face criminosa.
Pelo bem de nossa inteligência e de nossa integridade física, espero que sejam tomadas as devidas providências contra os criminosos que conclamam à violência. Ainda há tempo de sair do abismo de trevas no qual alguns tiranos fantasiados de professores nos lançaram há décadas, mas não se sabe por quanto tempo ainda essa oportunidade de lutarmos em prol de nossas consciências e de nossa liberdade permanecerá disponível.
Brasília, 20 de outubro de 2020.
Bibliografia
ARQUILLA, John; RONFELDT, David. The Advent of Netwar. California: RAND Corporation, 1996.
COURTOIS, Stéphane; WERTH, Nicolas; PANNÉ, Jean-Louis; PACZKOWSKI, Andrzej; BARTOSEK, Karel; MARGOLIN, Jean-Louis. O Livro Negro do Comunismo. Crimes, Terror e Repressão. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2019, 918 p.).
DOCENTES PELA LIBERDADE. Internet, https://dpl.org.br
[1] DOCENTES PELA LIBERDADE. Internet, https://dpl.org.br
[2] COURTOIS, Stéphane; WERTH, Nicolas; PANNÉ, Jean-Louis; PACZKOWSKI, Andrzej; BARTOSEK, Karel; MARGOLIN, Jean-Louis. O Livro Negro do Comunismo. Crimes, Terror e Repressão. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2019, 918 p.).
[3] ARQUILLA, John; RONFELDT, David. The Advent of Netwar. California: RAND Corporation, 1996.
[Em tempo: O artigo faz parte de um esforço do movimento Docentes pela Liberdade (DPL) em trazer pensadores competentes e capazes de agregar análises relevantes para o cenário nacional. As opiniões expressas no artigo não reproduzem, necessariamente, as posições do DPL ou Conexão Política.]