A polícia francesa realizou operações contra dezenas de grupos extremistas islâmicos como parte das investigações, após um ataque na sexta-feira (16) em Paris, no qual um professor de história francês foi decapitado.
Segundo o The Guardian, o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, disse na segunda-feira (19) que as operações visam grupos islâmicos e indivíduos muçulmanos extremistas, incluindo aqueles que expressaram apoio ao ataque de decapitação de sexta, realizado pelo imigrante muçulmano checheno, Abdoullakh Anzorov, contra o professor de história francês, Samuel Paty. Darmanin disse que cerca de 80 investigações foram iniciadas contra pregadores radicais suspeitos de extremismo e acusados de espalhar online o ódio.
Darmanin disse que 50 associações da comunidade muçulmana também estão sendo analisadas pelas autoridades e “algumas das quais certamente serão dissolvidas”.
Darmanin disse que um “Fatwa” (julgamento no Islã) parece ter sido emitido contra Samual Paty, vítima do ataque de sexta-feira. Paty teria mostrado a seus alunos uma série de caricaturas, incluindo duas do profeta muçulmano Maomé, durante uma aula sobre liberdade de expressão.
O The Guardian relatou que uma foto da cabeça decapitada de Paty foi compartilhada no Twitter na conta de Anzorov, com a mensagem: “Eu executei um dos cães do inferno que ousou derrubar Maomé”.
Anzarov, de 18 anos de idade, foi neutralizado pela polícia em resposta ao ataque.
Darmanin disse que o ‘Coletivo Anti-Islamofobia’ foi uma organização “claramente implicada” no ataque contra Paty. O pai de Anzorov fez referência ao Coletivo Anti-Islamofobia em um vídeo, pedindo a demissão de Paty; e o pai de Anzorov e Abdelhakim Sefrioui, um conhecido radical islâmico com supostos links com a organização, estavam entre as 11 pessoas presas em conexão com o ataque de sexta-feira.
Em uma reunião de gabinete no domingo (18), o presidente francês, Emmanual Macron, anunciou novas medidas anti-islâmicas, que têm como alvo “as estruturas, associações e pessoas próximas a grupos radicais… que espalham o ódio e podem encorajar ataques”.
Macron disse: “O medo está prestes a mudar de lado. Os islamistas não devem ter permissão para dormir profundamente em nosso país”.
O ministro da Justiça da França, Éric Dupond-Moretti, convocou os principais promotores franceses a se reunirem na segunda-feira para discutir “medidas adicionais exigidas pela situação”.
A FranceTVInfo relatou que uma mesquita de Paris “se desculpou” por compartilhar o vídeo pedindo a demissão de Paty. O vídeo identificava Paty e seu endereço. M’hammed Henniche, o líder de uma mesquita no subúrbio parisiense de Pantin, disse em retrospecto do ataque de decapitação: “Dado o que aconteceu, lamentamos tê-lo publicado. Agora estamos explorando como, no futuro, podemos dar um passo para trás antes de nos deixarmos levar por coisas assim.”
Henniche disse ao jornal francês Libération: “Realmente ninguém, poderia imaginar, no dia 9 de outubro, quando eu postei, que isso terminaria com esse assassinato”.