Enquanto o trabalho para desenvolver potenciais vacinas contra o coronavírus está em andamento em todo o mundo, a gigante farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca já está se protegendo contra os possíveis processos judiciais por efeitos colaterais nocivos imediatos ou nos anos subsequentes da aplicação da vacina. Portanto, quem receber a vacina contra o coronavírus no futuro e ter efeitos colaterais severos ou permanentes, não poderá processar o produtor.
A empresa já fechou acordos com cerca de 25 países, incluindo cláusulas que asseguram compensação pelo custo de processos contra as empresas farmacêuticas e que isentam de responsabilidade legal suas ações e produtos. Um alto executivo da empresa admitiu isso à agência de notícias Reuters.
“Como empresa, não podemos correr o risco de a vacina começar a apresentar efeitos colaterais em 4 anos, por exemplo”, disse Ruud Dobber, membro do Conselho de Administração da AstraZeneca.
“Para a maioria dos países, é aceitável suportar esse fardo, pois é do interesse nacional”, disse Dobber, recusando-se a dizer exatamente quais países estão envolvidos.
No Brasil
O Brasil assinou um acordo de US$ 100 milhões com a AstraZeneca-Oxford, que também prevê transferência de tecnologia para a produção do imunizante no Brasil.
A vacina da gigante farmacêutica é desenvolvida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra; e no Brasil, está sendo testada em parceria com Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e o Instituto D’Or do Rio. Ela poderá ficar disponível à população ainda este ano, segundo Maria Augusta Bernardini, diretora-médica da Astrazeneca.
“Esperamos ter dados preliminares quanto a eficácia real já disponíveis em torno de outubro, novembro”, disse Bernardini.
Atualmente, 25 empresas estão em fase avançada de desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus chinês, já testando em humanos.