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Não! Perdoem o pragmatismo, mas esta é a resposta óbvia para uma pergunta tão ridícula. A máxima popular — ‘todo político é ladrão!’ — é, além de generalizada, estúpida. ‘Todo médico do SUS é incompetente’ — tenho minhas dúvidas —, ‘todo pastor é embusteiro’, ‘todo padre é pedófilo’, ‘todo brasileiro é malandro’, toda baiana sabe ariar uma panela’, ‘toda mulher gosta de apanhar [1]’. . . Essas são afirmações que demonstram como a primeira é imbecil. Se a frase fosse: ‘todo comunista é ladrão!’, certamente estaria correta, já que apropriação de bens dos outros é uma doutrina do comunismo.
Infelizmente tal generalização, por pura letargia mental, é constante nos bares, calçadas, salões de beleza, ônibus, restaurantes, etc. Tenho que admitir que não faltam motivos para os brasileiros médios pensarem de tal forma. Há políticos honestos sim, mas isso não vira notícia de jornal, não é mesmo? Mas a solução não está em encher o pente de uma metralhadora de jargões e sair atirando para todo o lado.
O termo ‘política’ deriva do grego politéia, que refere-se a toda preocupação com a cidade-estado, comunidade, sociedade. Todos os que têm um interesse por assuntos da pólis é um político. O termo grego para o sujeito que não se importava ou não exercia papel político era idiotes (Idiota [2] — cidadão comum, o que costumo chamar de brasileiro médio). Tendo isso em mente, há muitos políticos honestos por aí… e há muitos idiotas também… e com o perdão do trocadilho: há muitos políticos idiotas.
Talvez o título deste texto tenha um tanto de Bruno Garschagen, autor do livro ‘Pare de Acreditar no Governo – Por que os Brasileiros não Confiam nos Políticos e Amam o Estado’. Não tive como evitar a semelhança dos temas, mas abordarei de forma mais grosseira e ligeira. O brasileiro médio sofre muito de um mal chamado Paralaxe Cognitiva. Olavo de Carvalho define o fenômeno como um “afastamento entre o eixo da construção teórica e o eixo da experiência real anunciado pelo indivíduo”. Em suma, a pessoa consegue pensar em duas coisas opostas, contraditórias, e acreditar em ambas sem perceber a contradição.
Conheço gente que:
- odeia políticos, mas ama o governo;
- gente que não quer pagar impostos altos, mas querem que o governo dê provisão para tudo em sua vida;
- gente que não quer que político meta a mão em dinheiro, mas defende que o governo tenha empresas estatais;
- gente que não aceita militância gay nas escolas, aborto, pedofilia, legalização das drogas, benefícios para bandidos, mas defendem o PT [3] e o chefe da quadrilha: Lula.
- gente que detesta burocracia mas acredita que é papel do Estado é regulamentar cada passo do povo… etc e etc.
Se não conseguiu entender as evidentes contradições nos discursos exemplificados busque ajuda urgente.
Existe outro problema sério que agravou-se com os ideais socialistas na cultura: a terceirização da culpa. Ninguém quer ser culpado de nada, sempre a culpa é de alguém ou algo distante: a culpa é da mídia, dos políticos, dos empresários, do capitalismo, do Trump… etc. Ninguém quer estudar e parar para pensar por meia hora para analisar a realidade e fazer uma leitura dos fatos que o cercam. Preferem sentar e assistir o noticiário, todo mastigadinho. Mas o jornalista não irá explicar doutrinas políticas e filosóficas. Não irão ensinar como pensa cada partido e candidato. Cabe a cada cidadão que deseja viver livre e num país livre a avaliação, o estudo das causas e o frequente estudo de política. SIM, é preciso estudar política SIM. Como votar bem e fazer política sem entender de política? Alguém quer a Ana Maria Braga narrando futebol e Celso Portiolli treinando o seu time? Claro que não. Não há debate sério sem conhecimento de causa. “Ain, mas política e futebol não se discutem!”, podem afirmar alguns mongoloides acéfalos, eu vos digo: política deve ser assunto de banco de ônibus, de salão de cabeleireiro, de fila de caixa de mercado… mas é preciso entender pelo menos o básico do assunto. Você não ouve pessoas falando da maiêutica socrática nesses lugares, ouve? Porque não se fala do que não se sabe. Com política não pode ser diferente.
É preciso criar no país uma consciência política lúcida, firme, ainda que discordantes entre si, mas que o debate seja sério, com referencial teórico, e tudo mais. Estamos muito longe disso, e isso muito entristece. Mas pode-se reverter a realidade.
Saiba mais sobre o assunto, leia:
O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota (Olavo de Carvalho); Pare de Acreditar no Governo – Por que os Brasileiros não Confiam nos Políticos e Amam o Estado (Bruno Garschagen); se possível, ouça os podcasts do Flávio Morgenstern no site Senso Incomum. Não seja um idiotes. Seja o político honesto que o Brasil precisa, não fique fora das discussões, enquanto canalhas dominam o debate. Bons estudos.
NOTAS
[1] “Toda mulher gosta de apanhar. Só as neuróticas reagem.” (Nelson Rodrigues)
[2] Recomendo a obra ‘O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota’ do filósofo Olavo de Carvalho, organizada pelo jornalista Felipe Moura Brasil.
[3] Militância gay nas escolas, aborto, pedofilia, legalização das drogas, benefícios para bandidos são pautas abertas do Partido dos Trabalhadores (PT) e de todo partido de esquerda.