A agência de espionagem israelense Mossad afirma que, recentemente, frustrou uma série de ataques cibernéticos iranianos às embaixadas israelenses em todo o mundo. O departamento de inteligência suspendeu os planos de terror cibernético na Europa e em outros lugares, de acordo com um relatório da emissora israelense Channel 12, que diz que o arqui-inimigo de Israel, o Irã, estava por trás dos ataques.
“A frustração está crescendo rapidamente no Irã”, diz o relatório, segundo o Times of Israel.
Israel já havia denunciado o Irã por ataques reais e planejados a suas missões diplomáticas, incluindo um ataque a bomba em sua embaixada na Índia, em 2012. No ano seguinte, um iraniano foi preso por uma suposta conspiração para atacar a embaixada de Israel no Azerbaidjão.
A tensão aumentou novamente nos últimos dias após o incêndio no complexo nuclear de Natanz, no centro do Irã, que causou danos ‘significativos”. O Irã sugeriu que Israel é quem está por trás desse incêndio ocorrido na última quinta-feira (2).
O corpo nuclear da república islâmica disse que não houve vítimas nem liberação de radiação, mas disse que o incêndio pode retardar o desenvolvimento e a produção de centrífugas avançadas, necessárias para enriquecer o urânio.
Teerã prometeu aumentar a produção nuclear, depois de romper grande parte de seu acordo de 2015 com as potências ocidentais; o que leva a uma suspeita de que o país esteja buscando desenvolver armas nucleares.
Embora o Irã não tenha mostrado evidências, autoridades iranianas sugeriram que Israel estava por trás do incêndio e que a causa havia sido um ataque cibernético.
O país islâmico também sugeriu que seu ataque cibernético às embaixadas israelenses foi uma resposta ao ataque à instalação nuclear de Natanz, mesmo sem fornecer as evidências para suas acusações.
“Responder a ataques cibernéticos faz parte do poder de defesa do país. Se for comprovado que nosso país foi alvo de um ataque cibernético, responderemos”, disse o chefe de defesa civil Gholamreza Jalali à TV estatal iraniana.
Israel não confirmou nem negou totalmente o envolvimento. O ministro da Defesa israelense, Benny Gantz, minimizou o vínculo no domingo (5), dizendo que “nem todo incidente que ocorre no Irã necessariamente tem algo a ver conosco”.
Gantz sugeriu que o Irã poderia ter cometido um erro ao lidar com sistemas complexos, dizendo “não tenho certeza de que eles sempre saibam como mantê-los”.
Obtenção de arma nuclear
Israel alertou anteriormente a comunidade internacional para os planos do Irã no desenvolvimento de armas nucleares e os riscos que implicam para seu país, a única democracia no Oriente Médio. O governo israelense havia descoberto anteriormente o que chamou de “arquivo nuclear” do Irã, uma coleção de milhares de documentos apreendidos por agentes do Mossad em um armazém de Teerã, em 2018. O país afirma que os documentos provam que o Irã pretendia desenvolver armas nucleares e ocultou seus esforços da comunidade internacional.
“Há exatamente um ano, o primeiro-ministro de Israel afirmou que o enriquecimento de Urânio promovido pelo governo iraniano é semelhante ao nazismo em 1930. Segundo Netanyahu, “esse enriquecimento tem apenas um motivo, que é preparar armas nucleares”.
“A segunda guerra começou na Europa, quando a Alemanha Nazista deu um pequeno passo para entrar na Renânia e ninguém disse nada”, disse Netanyahu. Ele continuou, “a decisão do Irã é um passo muito perigoso. O limite de enriquecimento foi proposto pelo Conselho de Segurança. Onde ele está?”, disse Netanyahu.
Netanyahu afirmou que Israel está fazendo o que deve contra a agressão iraniana.
Ontem mesmo, Israel lançou um novo satélite espião, cujo objetivo é monitorar as atividades nucleares do Irã. O lançamento do satélite não parecia estar diretamente conectado aos desenvolvimentos em Natanz, dados os longos preparativos envolvidos.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, saudou o lançamento do novo satélite Ofek 16, a mais recente adição a uma frota implantada nas últimas duas décadas.
“O sucesso do satélite Ofek 16 aumenta muito nossa capacidade de agir contra os inimigos de Israel, próximos e distantes”, disse Netanyahu. “Ele expande muito nossa capacidade de agir em terra, no mar, no ar e também no espaço.”
O ministro da Defesa Gantz disse que o satélite Ofek-16 “é mais uma conquista extraordinária para o setor de defesa de Israel”.
“A superioridade tecnológica e as capacidades de inteligência são essenciais para a segurança do Estado de Israel … Continuaremos a fortalecer e manter as capacidades de Israel em todas as frentes, em todos os lugares”, disse Gantz.
Gantz foi o rival de Netanyahu nas últimas três eleições no espaço de um ano, em 2019 e 2020, antes de finalmente chegarem a um “acordo” de compartilhamento de poder, depois que terminaram pelas três vezes em um impasse. Pelo acordo, Netanyahu deve permanecer no cargo até o outono de 2021, antes de entregar o cargo a Gantz.