O juiz britânico que estava lidando com o caso pela reivindicação de ouro venezuelano na Inglaterra reconheceu o líder da oposição como Presidente.
Um tribunal em Londres concordou com o Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, e com esta decisão impede Nicolás Maduro de usar as toneladas de ouro depositadas no Banco da Inglaterra (BoE), embora o Banco Central da Venezuela (BCV) tenha informado que recorrerá da decisão.
“O governo britânico reconhece Guaidó na qualidade de Presidente constitucional interino da Venezuela e em virtude da doutrina de ‘uma só voz’, o tribunal deve aceitar essa afirmação como inequívoca”, escreveu o juiz Nigel Teare, responsável pelo caso das 31 toneladas de ouro venezuelano reivindicadas por Maduro.
O BCV tentou liberar o ouro, que, segundo o banco, quer vender para “a compra de alimentos e equipamentos médicos desesperadamente necessários para enfrentar a pandemia da covid-19”. Um advogado que representa o lado de Maduro prometeu recorrer. Sarosh Zaiwalla disse em comunicado que a decisão “ignora completamente a realidade da situação no terreno” venezuelano.
“O governo de Maduro tem controle total da Venezuela e de suas instituições administrativas, e só ele pode garantir a distribuição de ajuda humanitária e suprimentos médicos necessários para combater a pandemia de coronavírus”, afirmou Zaiwalla . “Este resultado agora atrasará ainda mais as coisas, em detrimento do povo venezuelano cujas vidas estão em risco”.
Em um tweet do BCV, o banco disse que a decisão do tribunal inglês era “absurda e incomum”.
O BCV recorrerá imediatamente da decisão absurda e incomum de um tribunal inglês que visa privar o povo venezuelano do ouro tão urgentemente necessário para enfrentar a pandemia covid-19″, escreveu o Banco Central da Venezuela nesta quinta-feira (2).
El BCV apelará inmediatamente la absurda e insólita decisión de un tribunal inglés que pretende privar al pueblo venezolano del oro tan urgentemente necesario para hacer frente a la pandemia de covid19. pic.twitter.com/pHT9obaxGn
— Banco Central de Venezuela (@BCV_ORG_VE) July 2, 2020
Nicolás Maduro e seu regime passaram quase dois anos tentando recuperar as mais de 30 toneladas de ouro armazenadas no Banco da Inglaterra, avaliadas em cerca de 1 bilhão de dólares, mas encontrou oposição legal no Reino Unido e das Forças democráticas venezuelanas, que negaram a Maduro o acesso a esses fundos nacionais.
Guaidó contestou essas tentativas em duas ocasiões, levando em conta que o Reino Unido já o havia reconhecido, em fevereiro de 2019, como Presidente interino até que eleições presidenciais credíveis possam ser realizadas.
O BoE, cujo governo reconhece o líder da oposição venezuelana Juan Guaidó como líder legítimo de seu país, recusou-se a entregar o ouro ao governo socialista de Maduro.
Em abril, o BCV solicitou novamente o ouro, alegando que precisava vendê-lo para uso na crise contra a pandemia de covid-19. Mas enquanto Maduro pedia urgentemente ouro da Inglaterra, ele esvaziava os cofres de ouro do BCV, entregando toneladas em barras ao Irã, que os transportou através da Mahan Air, para Teerã.
As autoridades maduristas acumularam cerca de 9 toneladas de ouro, equivalentes a cerca de 500 milhões de dólares, em aviões destinados a Teerã no mês de abril, como pagamento pela suposta “ajuda” que o Irã forneceu para colocar em operação as refinarias paralisadas pelo governo Chavista na Venezuela.
A proposta que o regime madurista havia feito ao banco inglês, buscava que a entidade vendesse parte do ouro e entregasse o dinheiro ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), mas o banco inglês disse que não tinha contato com o PNUD.