O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) recebeu informações do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa) sobre uma nuvem de gafanhotos da espécie Schistocerca cancellata que encontra-se próximo à fronteira com o Brasil. Segundo o monitoramento climático que vem sendo realizado pelos especialistas argentinos, a praga deve seguir em direção ao Uruguai.
Em 17 de junho, a nuvem de gafanhotos entrou no território da província de Santa Fé, na Argentina, após ter sido relatada dias antes nas províncias de Chaco e Formosa, no Paraguai. A área de distribuição do inseto inclui Paraguai, Bolívia e Brasil, além da Argentina (no centro e noroeste) em províncias como Córdoba, Santiago del Estero, Catamarca e La Rioja.
A chegada do surto ao Brasil pode ser questão de tempo. Tudo dependerá das condições ambientais, especificamente da direção dos ventos. Atualmente, a nuvem de gafanhotos está na província de Corrientes, que faz fronteira com o sul do Brasil. E considerando a proximidade com a região fronteiriça do Brasil, o Mapa emitiu alerta para as Superintendências Federais de Agricultura, com vistas aos órgãos estaduais de Defesa Agropecuária para que sejam tomadas as medidas cabíveis de monitoramento e orientação aos agricultores da região, em especial no estado do Rio Grande do Sul, para a adoção eventual de medidas de controle da praga caso esta nuvem ingresse em território brasileiro.
Não é a primeira vez que o gafanhoto- sul-americano tem registro de surtos na região. Em 2015 houve relatos de nuvens de gafanhotos e danos às lavouras no país, nas províncias de Santiago del Estero e Tucumán. Em 2017 ocorreu também um surto de gafanhotos (no final de junho) concentrado na área de três províncias da Argentina (Santa Fé, Chaco e Santiago del Estero).
No entanto, até o momento, os pesquisadores não identificaram diferenças entre o surto atual e os ocorridos anteriormente, mas uma das hipóteses é de que houve favorecimento da reprodução da praga e consequente aumento da população.
Segundo a Coordenação-Geral de Proteção de Plantas do Mapa, as autoridades fitossanitárias brasileiras estão em permanente contato com os seus pares argentinos, bolivianos e paraguaios por meio do Grupo Técnico de Gafanhotos do Comitê de Sanidade Vegetal – COSAVE, o que tem permitido um acompanhamento do assunto em tempo real, com o objetivo de adotar as medidas cabíveis para minimizar os efeitos de um eventual surto da praga no Brasil.
Esta praga está presente no Brasil desde o século XIX e causou grandes perdas às lavouras de arroz na região sul do País nas décadas de 1930 e 1940. Desde então, tem permanecido na sua fase “isolada” que não causa danos às lavouras, pois não forma as chamadas “nuvens de gafanhotos”. Recentemente, voltou a causar danos à agricultura na América do Sul, em sua fase gregária (formação de nuvens).
Os fatores que levaram ao ressurgimento desta praga em sua fase mais agressiva na região estão sendo ainda avaliados pelos especialistas e podem estar relacionados a uma conjunção de fatores climáticos, como temperatura, índice pluviométrico e dinâmica dos ventos.
Com informações, MAPA.