O ex-CEO da Wirecard, Markus Braun, foi preso por suspeita de fraude financeira e manipulação de mercado, disseram os promotores de Munique, na Alemanha, na manhã desta terça-feira (23). A Wirecard era vista como um caso sério de sucesso entre as fintech inovadoras alemãs; mas agora está no centro do que parece ser uma das maiores fraudes financeiras dos últimos anos.
Os promotores estão acusando Braun de inflar artificialmente o balanço da Wirecard e a receita da empresa, na tentativa de torná-la mais atraente para investidores e clientes. Os promotores suspeitam que Braun tenha feito isso em conjunto com outros. Uma porta-voz da promotoria de Munique disse ao Financial Times que o antigo conselho de administração da empresa estava sob investigação.
Segundo o The Wall Street Journal, a procuradoria de Munique confirmou que Markus Braun foi detido na noite de segunda-feira (22), com suspeitas de fraude financeira e de apresentação de informações financeiras falsas. Braun foi presidente-executivo da Wirecard quase duas décadas, fazendo a empresa crescer até se tornar um ‘player’ importante no sistema financeiro alemão, prestando serviços até às gigantes Visa e Mastercard.
Nesta segunda-feira, a empresa reconheceu, oficialmente, que os 1,9 milhões de euros que supostamente tinham “desaparecido” das reservas da empresa, afinal, “provavelmente não existem”. As ações da empresa sofreram uma grande queda na bolsa de Frankfurt, com dúvidas fortes sobre a capacidade da empresa sobreviver a este escândalo.
O presidente-executivo demitiu-se na sexta-feira passada, depois das revelações que colocaram em causa uma enorme quantia de reservas financeiras da empresa – 1,9 milhões de euros. A informação que existia é que esses fundos estavam no sistema financeiro das Filipinas, para facilitar a concretização de operações com empresas terceiras; mas, no domingo, as autoridades financeiras do país apontaram que, aparentemente, esse dinheiro não existe e não entrou no sistema financeiro filipino.
A nova equipa executiva disse que, tendo analisado as contas de forma mais detalhada, “existe uma probabilidade prevalecente de que os 1,9 milhões de euros não existem”. Por essa razão, a inexistência de uma quantia que representa cerca de um quarto de todo o balanço (oficial) da empresa, foram levantados os relatórios e as contas sobre o exercício de 2019 e, também, do primeiro trimestre de 2020, podendo vir a ser determinado que também números anteriormente prestados pela empresa não sejam válidos.
O escândalo começou com uma investigação do Financial Times, ainda no ano passado, que falava de alegadas irregularidades contabilísticas nas operações asiáticas da Wirecard. A investigação surgiu de uma denúncia interna.