O Grupo Parlamentar de Partidos para a Liberdade Internacional de Religião ou Crença (APPG) lançou, em 15 de junho, um novo relatório em Westminster, intitulado “Nigéria – Revelando o genocídio?“. Esse relatório dos parlamentares britânicos destaca o elemento religioso por trás de grande parte da crescente violência na Nigéria e alerta para o risco de um genocídio em desenvolvimento e pede que a ajuda do Reino Unido seja vinculada aos esforços para proteger os moradores nigerianos dos ataques islâmicos.
O novo relatório é o resultado de uma investigação de 100 parlamentares britânicos de uma ampla gama de partidos políticos. Ele descreve ataques a igrejas e cristãos que mataram mais de 1.000 em 2019. Estima-se que 30.000 foram mortas desde o início do conflito na década de 1980.
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Dimensão religiosa
Nos últimos anos, militantes muçulmanos Fulani substituíram os terroristas do Boko Haram como os assassinos número um na região. Esses pastores nômades, em busca de pastagens, massacraram os agricultores e os expulsaram de suas casas.
“Mas não se trata apenas de recursos”, diz Paul Robinson, diretor executivo da organização de apoio aos cristãos perseguidos, Release International. “Este relatório reconhece a dimensão religiosa de grande parte da violência, que não pode mais ser ignorada. Este relatório mostra que esses ataques não podem mais ser caricaturados de forma simplista e descartados como “violência entre criadores e agricultores.”
Segundo o relatório da APPG, muitos desses ataques foram realizados por militantes gritando ‘Allah u Akhbar’ [Allah é maior] e ‘Destrua os infiéis’. Os extremistas fortemente armados destruíram mais de 500 igrejas apenas no Estado de Benue.
O relatório da APPG insta o mundo a enfrentar essa dimensão religiosa, por mais desconfortável que seja: “Os comentaristas não devem deixar de descrever os conflitos motivados pela religião ou ideologia, quando for o caso”.
Violência islâmica
Paul Robinson acrescenta: “A Release International se une aos parlamentares britânicos pedindo ao mundo que desperte para a implacável violência islâmica na Nigéria”.
O relatório argumenta que, ao matar e expulsar os moradores cristãos, os militantes Fulani, consciente ou inconscientemente, estão cumprindo a mesma agenda que o Boko Haram. O objetivo declarado do grupo terrorista Boko Haram é transformar a Nigéria em um Estado islâmico. Seu porta-voz declarou: “Esta guerra é contra os cristãos”.
O relatório da APPG declarou: ‘Embora não necessariamente compartilhem uma visão idêntica, alguns pastores Fulani adotaram uma estratégia comparável ao Boko Haram e ao Estado Islâmico na Província da África Ocidental (ISWAP) e demonstraram uma clara intenção de atingir cristãos e símbolos da identidade cristã, como igrejas”.
No relatório do APPG, a co-presidente, Baronesa Caroline Cox, disse: ‘Embora as causas subjacentes da violência sejam complexas, a assimetria e a escalada dos ataques das milícias Fulani bem armadas contra essas comunidades predominantemente cristãs são fortes e devem ser reconhecidas. Tais atrocidades não podem ser atribuídas apenas à desertificação, mudança climática ou competição por recursos, como reivindicaram o governo [do Reino Unido].”
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“Ataques direcionados”
E a vice-presidente do APPG, a parlamentar conservadora Fiona Bruce, acrescentou: “Os ataques direcionados contra igrejas e o aumento das tensões religiosas indicam que a identidade religiosa desempenha um papel no conflito entre agricultores e pastores”.
“Esses ataques estão ocorrendo impunemente”, diz Paul Robinson. “E há uma dimensão religiosa crescente nesses ataques. A Nigéria deve agir para acabar com a violência.”
A Release Internacional tem prestado apoio, incluindo aconselhamento sobre trauma, a vítimas de violência na Nigéria. Através de sua rede internacional de missões, a Release International atua em cerca de 30 países ao redor do mundo, apoiando pastores, prisioneiros cristãos e suas famílias; fornecendo literatura e Bíblias cristãs e trabalhando pela justiça.
Leia, em Inglês, o relatório no site da APPG aqui.