Uma igreja ortodoxa copta foi demolida e um líder cristão agredido na aldeia de Koum Al Farag, no Egito. O prédio religioso tinha 15 anos e servia para o culto de 3 mil cristãos, além de ser um local para realizar casamentos, batizados e funerais. A destruição da igreja foi uma punição pelo “crime” de construir salas para escola dominical.
“Decidimos construir mais dois andares no salão da igreja para atividades da igreja, como aulas da escola dominical, o que era legal para nós”, explica o membro e diácono, Bishoy.
Quando as obras começaram, alguns muçulmanos extremistas começaram a atacar os cristãos, mas foram contidos por muçulmanos moderados da aldeia. Porém, não desistiram, começaram a construir uma mesquita ilegal no terreno ao lado da igreja, próprio para agricultura.
“Acreditamos que eles construíram isso em protesto. Nossa vila já tem quatro mesquitas e outra não era realmente necessária. Além disso, eles construíram sem uma fundação”, testemunha Bishoy.
Para solucionar o problema com a mesquita ilegal, as autoridades decidiram demolir tanto o prédio islâmico, quanto o cristão.
“O advogado da igreja fez um apelo oficial contra essa ordem, mas o prefeito a ignorou – apesar de ter sido informado – e enviou 200 policiais sem aviso”, conta o diácono.
A decisão não foi bem-vista pelos cristãos da aldeia, por isso eles protestaram comparecendo ao local em posse dos documentos. Porém, a polícia e alguns radicais começaram a insultar e agredir os cristãos, incluindo mulheres e crianças. Já o líder da igreja recebeu tantos socos no rosto e peito, que chegou a desmaiar.
Os policiais prenderam 14 pessoas e as libertaram apenas no dia seguinte. Um homem, que teve o braço quebrado, estava entre os detidos pelas autoridades e não teve o tratamento médico apropriado. Mesmo com a confusão, os demais membros presenciaram a destruição da comunidade que frequentavam.
“A demolição da igreja levou seis longas horas. Então o trator continuou até a mesquita – o prédio ilegal – e derrubou apenas uma parede”, lamenta Bishoy.
A igreja demolida era a única da vila, e a outra mais próxima fica a 15 km de distância.
“É muito longe se você considerar que os coptas vão à igreja várias vezes por semana e a maioria de nós não tem meios de viajar para fora da nossa aldeia. Por favor, ore por nós”, pede o líder cristão.
Autoridades ignoram apelação judicial
O pedido de demolição da igreja foi assinado pelo engenheiro Rady Ammar, presidente do conselho da cidade de Abu El Matamir. A justificativa foi que o prédio cristão tinha três violações, embora a construção já tivesse 15 anos. O advogado, que prefere não ser identificado, foi junto com o líder da igreja, Yassa Sobhi, e mostrou os documentos para provar que tinham permissão de terminar a conclusão do edifício.
“Perguntamos ao engenheiro por que ele havia feito relatos dizendo que a igreja era um prédio novo e que iria demoli-la completamente por esse motivo. Ele ignorou o que dissemos e os papéis que lhe mostramos, e apenas disse que destruiria tanto a igreja quanto a mesquita”, afirma o advogado.
Os cristãos recorreram da decisão no Tribunal Administrativo de Damanhur, capital da província de Beheira e solicitaram que a destruição fosse interrompida até que a justiça emitisse o veredito final.
“O presidente do conselho da cidade recebeu a notificação do tribunal, mas decidiu de qualquer maneira demolir a igreja sem esperar pela decisão da corte sobre o caso”, completa o representante da igreja.
Com informações, Portas Abertas.