Não é novidade para ninguém que a Folha de São Paulo, assim como centenas de outras mídias dominadas por jornalistas e editores mais preocupados com a militância do que com a difusão real da informação, é um dos veículos de comunicação do país que mais está lamentando os reveses do ex-presidente Lula com a Justiça. Entre os “grandes”, a Folha é o que mais publica matérias favoráveis ao condenado e com críticas caluniosas à Operação Lava Jato e ao juiz Sérgio Moro.
Um exemplo de militância e alienação no meio midiático é o jornalista Elio Gaspari. Em sua coluna na Folha, Gaspari sugeriu que Lula considere uma “alternativa” mais extrema para impedir uma “prisão arbitrária” e assegurar a própria impunidade: invadir uma embaixada latino-americana em busca de asilo diplomático. Elio descarta Cuba e Venezuela, alegando que estas opções poderiam “queimar” o filme de Lula.
Acompanhe um trecho da coluna do militante Elio Gaspari na Folha:
“Lula vai preso? Quando? Existe uma outra possibilidade. Diante da prisão inevitável e próxima, Lula entra numa embaixada latino-americana, declara-se perseguido político e pede asilo diplomático. Não há nenhuma indicação de que ele pretenda fazer isso, mas a realidade ensina que esse caminho existe.
Pelo andar da carruagem, Lula será preso para cumprir a pena que lhe foi imposta pelo TRF-4. Está condenado a 12 anos de cadeia, e dois outros processos poderão render novas penas. Aos 72 anos, ralará alguns anos em regime fechado até sair para o semiaberto.
Como é melhor chorar no exterior do que rir na carceragem de Curitiba, Lula sabe que dispõe do caminho do asilo diplomático. Considerando-se perseguido político, conseguiria essa proteção em pelo menos duas embaixadas, a da Bolívia e a do Equador. Pedir proteção aos cubanos ou aos venezuelanos só serviria para queimar seu filme.
Para deixar o Brasil, Lula precisaria de um salvo-conduto do governo de Michel Temer. Bastariam algumas semanas de espera, esfriando o noticiário, e ele voaria. Uma vez instalado no país que lhe deu asilo, ele poderia viajar pelo mundo. Mesmo que voltem a lhe tomar o passaporte, isso é irrelevante. Até 1976, João Goulart, asilado no Uruguai, viajava com passaporte paraguaio.
O asilo de Lula poderia agradar ao governo pois, preso, ele seria defendido por uma constrangedora campanha internacional. (Guardadas as proporções, como aconteceu com o chefe comunista Luís Carlos Prestes entre 1936 e 1945.)
A vitimização de Lula perderia um pouco de dramaticidade, mas as cadeias ensinam que com o tempo a mobilização murcha e a solidão da cela toma conta da cena. A gambiarra tem um inconveniente. Ele só poderia voltar ao país nas asas de uma anistia.”
O Antagonista apurou que o presidente Michel Temer e membros do PSDB foram informados de que Lula cogita refugiar-se numa embaixada sul-americana em Brasília.
Além de obviamente escapar da prisão, o plano é:
- “Formalizar” a farsa de que o condenado petista é perseguido por um regime de exceção;
- Criar constrangimento internacional para o governo brasileiro;
- Intervir na eleição presidencial de 2018. Lula permaneceria na embaixada — de Equador ou Bolívia, provavelmente — até outubro, de onde faria pronunciamentos em favor do seu poste.
Para os desacreditados
Em setembro de 2016, numa entrevista a O Globo, Ciro Gomes revelou uma ideia criminosa para evitar a eventual prisão de Lula:
“Pensei: se a gente formar um grupo de juristas, a gente pode pegar o Lula e entregar numa embaixada. À luz de uma prisão arbitrária, um ato de solidariedade particular pode ir até esse limite. Proteger uma pessoa de uma ilegalidade é um direito”.