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O ex-presidente da OAS Léo Pinheiro disse com todas as letras que o ex-presidente Lula mandou que ele destruísse as provas dos pagamentos para o caixa 2 do PT. Até pouco tempo atrás, Léo era considerado um grande amigo de Lula. O sócio da OAS prestou depoimento ao juiz Sérgio Moro e confirmou ainda que o triplex era da família Lula e que o ex-presidente linha uma conta na empreiteira abastecida com dinheiro roubado da Petrobras.
O depoimento durou quase três horas. O ex-presidente da OAB Léo Pinheiro disse ao juiz Sérgio Moro que Lula pediu a ele que destruísse provas num encontro secreto em 2014, quando a Operação Lava Jato já havia começado. Segundo Léo Pinheiro, Lula estava preocupado com o registro de pagamentos da OAS a João Vaccari, ex-tesoureiro do PT, apontado como operador do dinheiro de caixa 2 do partido.
“O presidente, textualmente, me fez a seguinte pergunta: ‘Léo – eu notei até que ele estava um pouco irritado – Léo, você fez algum pagamento a João Vaccari no exterior?’ Eu disse: ‘Não, presidente, nunca fiz pagamento a essas contas que nós temos com Vaccari no exterior’. ‘Como é que você está procedendo os pagamentos para o PT?’ ‘Através do João Vaccari, estou fazendo os pagamentos através de orientação do Vaccari de caixa 2 de doações diversas que nós fizemos a diretórios e tal’. ‘Você tem algum registro de algum encontro de conta, de alguma coisa feita de João Vaccari com você? Se tiver destrua’. Ponto. Acho que quanto a isso não tem dúvidas”, disse Léo Pinheiro.
Léo Pinheiro, já condenado a mais de 34 anos de prisão na Operação Lava Jato, disse ao juiz Sérgio Moro que a OAS reservou e reformou o apartamento triplex do Edifício Solaris, no Guarujá, litoral de São Paulo, para Lula.
Sérgio Moro: – O Ministério Público afirma, juntou documentos que supostamente diriam isso, que esse apartamento, esse triplex, não teria sido colocado à venda jamais pela OAS.
Léo Pinheiro: – Nunca foi colocado à venda pela OAS.
Sérgio Moro: – Desde 2009?
Léo Pinheiro: – Desde 2009. Eu tinha orientação para não colocar à venda porque pertenceria à família do presidente.
O ex-executivo afirmou que as reformas no apartamento foram pedidas por Lula e Dona Marisa.
“Todas essas modificações ocorreram, a solicitação, no dia da visita que eu fui com o presidente e a ex-primeira-dama no triplex”, disse o ex-presidente da OAS.
Léo Pinheiro disse até que a ex-primeira-dama Marisa Letícia, que morreu em fevereiro deste ano, foi pessoalmente ao triplex em 2014 sem Lula porque ele não queria aparecer no local durante a campanha. Dona Marisa teria pedido que o apartamento ficasse pronto antes do Natal.
“O presidente me disse: ‘Olha, em campanha eleitoral não vai ficar bem eu comparecer, isso está muito próximo de campanha, isso vai ser explorado. Teria algum problema de, meu filho iria com a Dona Marisa e você mandaria alguém tal’. Eu, de novo, me ofereci e fui e visitamos. Estava tudo ok. Então, Dona Marisa me fez um pedido, disse: ‘Olha, nós gostaríamos de passar as festas de final de ano aqui no apartamento, teria condições de estar pronto?’ Eu digo: ‘Olhe, pode ficará certa que antes disso nós vamos entregar tudo pronto’. E foi o que ocorreu”, relatou Léo Pinheiro.
O ex-executivo também disse que as despesas nas melhorias do apartamento faziam parte de uma conta informal da OAS com o ex-presidente. De acordo com as investigações, o crédito total da conta de Lula era de R$ 3,7 milhões, dinheiro desviado de três contratos da OAS com a Petrobras.
Sérgio Moro: – O senhor fez referência, aqui no seu depoimento, a uma contabilidade informal da empresa. Como é que funcionava isso?
Léo Pinheiro: – Eu me referi à contabilidade informal no que diz respeito a despesas efetuadas no triplex que eram lançadas no empreendimento Solaris e, na verdade, essas despesas eram para encontro de conta de pagamento de propina da Petrobras.
Léo Pinheiro é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. No ano passado ele tentou fechar um acordo de delação premiada, mas a negociação foi suspensa depois que vazaram algumas informações. Agora, ele está negociando com o Ministério Público um novo acordo de delação.
Condenado a 12 anos e um mês de prisão, a trajetória do ex-presidente Lula está chegando ao fim.