O ex-campeão mundial, Ronaldo de Assis Moreira, mais conhecido como Ronaldinho Gaúcho, não será processado pelo Ministério Público no Paraguai por viajar com passaporte paraguaio forjado. Segundo o promotor paraguaio, ele, como seu irmão Roberto, admitiu seu erro e os dois foram “enganados por outros por boa fé”.
O ex-jogador do Paris Saint-Germain, do FC Barcelona e da seleção brasileira foi preso na noite de quarta-feira (4), perto da capital paraguaia de Assunção, porque teria entrado no país com um passaporte falso.
Ronaldinho e seu irmão fizeram uma declaração na noite de quinta-feira ao promotor em Assunção. O promotor decidiu então usar uma disposição do Código Penal do Paraguai, que afirma que, se os suspeitos admitirem suas irregularidades e não tiverem antecedentes criminais no país, poderão ser libertados. O caso ainda está sendo analisado por um juiz, que pode decidir por si próprio se deve ou não processar.
“Ronaldinho forneceu vários dados relevantes para a investigação e, portanto, ele pode aproveitar a oportunidade para evitar um julgamento”, disse o promotor Federico Delfino ao jornal paraguaio ABC Color.
Três outras pessoas foram indiciadas no caso: o empresário Wilmondes Sousa, designado por Ronaldinho como responsável pelos documentos falsificados, e duas mulheres paraguaias às quais os documentos falsificados realmente pertenciam. Os passaportes e carteiras de identidade falsificados com os quais Ronaldinho e seu irmão entraram no país estavam originalmente em seu nome.
Ronaldinho agora pode deixar o Paraguai sem problemas, mas seus advogados indicaram que ele certamente permanecerá no país até sexta-feira.
Campanha
Ronaldinho viajou ao Paraguai para promover seu novo livro e apoiar uma campanha nacional de saúde para meninos e meninas. Mas na noite de quarta-feira a polícia local invadiu a suíte presidencial do resort de luxo onde Ronaldinho e seu irmão Roberto estavam hospedados naquele momento. Dois passaportes paraguaios falsificados foram encontrados na suíte em nome dos irmãos.
O mandado de prisão para os dois irmãos veio depois que a Polícia da Aviação relatou a suspeita de documentos de viagem forjados. O ministro do Interior, Euclid Acevedo, queixou-se em uma conversa com a mídia local sobre o frouxo controle de passaporte no aeroporto internacional perto de Assunção, onde Ronaldinho havia desembarcado no início do dia.
“Se o controle de fronteira considerar o documento de viagem suspeito, não deve deixá-lo entrar. Eles são parcialmente responsáveis por isso”, disse o ministro Acevedo.
Alexis Penayo, diretor de Assuntos de Migração, ofereceu sua demissão na quinta-feira por causa do ocorrido.
Passaporte brasileiro
Em 2018, Ronaldinho teve que entregar seu passaporte brasileiro por causa de uma multa ambiental. Há muita especulação de que o uso desse passaporte falso que ele usou para entrar ontem no Paraguai pode ter algo a ver com a apreensão do seu verdadeiro passaporte.
Em maio de 2019, a 2ª Turma do STJ manteve a apreensão do passaporte de Ronaldinho Gaúcho e de seu irmão Roberto Assis Moreira. A apreensão foi determinada pela Justiça do Rio Grande do Sul para coagi-los a pagar multa e indenização fixadas desse processo por dano ambiental.
Os dois foram condenados em 2015 por construir ilegalmente um trapiche, com plataforma de pesca e atracadouro, na orla do Lago Guaíba, em Porto Alegre. A estrutura foi montada sem licenciamento ambiental em Área de Preservação Permanente. Segundo o Ministério Público, as multas alcançavam o valor de R$ 8,5 milhões em novembro de 2018.
Como não houve o pagamento voluntário da multa, o Tribunal de Justiça estadual determinou a apreensão dos passaportes até que a dívida seja paga. Além disso, proibiu a emissão de novos documentos enquanto existir o débito.
“Embaixador do Turismo”
O que se destaca no caso é que Ronaldinho Gaúcho foi nomeado “embaixador do turismo” no ano passado. Nessa capacidade, ele precisa promover o Brasil em todo o mundo como destino de férias.