Bizarro. Talvez esta seja a palavra mais adequada para descrever a lambança do primeiro caucus do partido Democrata, no estado de Iowa. Quase um dia após o encerramento da votação, o partido não consegue fornecer o resultado final da primeira etapa da consulta popular que ainda passará por outros estados até a decisão final sobre quem será o candidato que vai enfrentar o presidente Donald Trump nas eleições de novembro.
A bizarrice começa, sem dúvida, pelos discursos que os pré-candidatos democratas deram ainda na noite de segunda-feira quando nenhum deles tinha mais esperanças que o partido conseguiria dar o nome do vencedor tão cedo. Na dúvida, todos fizeram seu próprio discurso de vitória. Exatamente. Segundo os discursos, todos foram escolhidos pelos eleitores democratas de Iowa para enfrentar Trump. Bizarro.
Pensando bem, com uma lista de pré-candidatos fraquíssima, quem sabe a estratégia de tentar lançar todos contra Trump não acabe dando um pouco mais de chance ao partido de chegar à Casa Branca, né? Todos contra Trump. Bizarro.
Brincadeiras à parte, o partido Democrata culpa pelo atraso na divulgação dos resultados um erro no código do aplicativo de celular utilizado para registrar votos de eleitores democratas durante o processo de escolha do candidato do partido. Os responsáveis pela apuração tiveram que partir para um sistema manual para se tentar chegar ao resultado final.
Foi gópi?
Em meio a toda essa “palha assada”, algumas informações reveladas estão chamando atenção até mesmo dos eleitores democratas. A primeira é a de que por trás do aplicativo de celular ‘bugado’ responsável por toda bizarrice estão Gerard Niemira e Krista Davis, ambos ex-membros da campanha de Hillary Clinton em 2016. E aí já sabe, né? Alguns democratas — sobretudo os eleitores de Bernie Sanders, o mais socialista entre todos os socialistas democratas — estão novamente desconfiados que o partido esteja prejudicando Sanders — favorito para ganhar em Iowa, segundo pesquisas divulgadas antes do caucus. Em 2016, Sanders foi preterido pelo establishment partidário, dando a candidatura para Hillary, a rainha do establishment democrata.
A segunda revelação foi dada pelo secretário interino do Departamento de Segurança Nacional (DHS, em inglês), Chad Wolf, durante entrevista dada para a Fox News, quando disse que o departamento se ofereceu antes do caucus para realizar uma verificação no aplicativo em busca de vulnerabilidades. O bizarro? O partido recusou a ajuda. Ninguém sabe o porquê de não quererem uma verificação de segurança no app. “Ninguém”.
Dilma explica
No fim dessa história, quando o resultado finalmente for divulgado, e com a desconfiança já cristalizada na cabeça do próprio eleitorado do partido, a verdade é que — com a licença de Dilma Rousseff — ninguém que ganhar ou perder vai de fato ganhar ou perder, vão todos ganhar e perder. Bizarro, mas a Dilma é realmente quem pode melhor explicar as consequências desse caucus.