O maior grupo de telecomunicações do Vietnã vai implementar este ano a rede 5G com recurso à sua própria tecnologia, contornando os chineses da Huawei. A escolha é vista como um sinal das implicações geopolíticas da rede de quinta geração.
A empresa estatal vietnamita Viettel, que é operada pelo ministério da Defesa do Vietnã, vai começar a instalar a próxima geração de rede móvel a partir de Junho e concluirá a implementação em todo o país no espaço de um ano, segundo o plano anunciado esta semana e citado pela imprensa local.
A empresa realizou na sexta-feira (17) o seu primeiro teste com tecnologia 5G, concluindo um trabalho de seis meses desenvolvido pelo seu braço de pesquisa e desenvolvimento, a Viettel High Technology, que desenvolveu o seu próprio hardware e o software para executar a ligação.
Poucas empresas desenvolveram com sucesso tecnologia 5G. A Viettel tornou-se assim a sexta, depois da Ericsson, da Nokia, da Huawei, da Samsung Electronics e da ZTE. A Viettel possui mais de 110 milhões de clientes em 11 países, incluindo no Camboja, no Haiti, no Peru e em Timor-Leste.
No Vietnã, a empresa também excluiu equipamentos da Huawei da rede 4G, atualmente em uso, apesar de recorrer a tecnologia chinesa em alguns dos outros países onde as suas subsidiárias locais fornecem serviços de quarta geração, incluindo Laos e Camboja.
Sensibilidades geopolíticas
A decisão de Hanói ilustra as sensibilidades geopolíticas daquele tipo de tecnologia.
A Austrália e a Nova Zelândia também baniram as redes 5G da Huawei por motivos de segurança nacional, após os Estados Unidos e Taiwan, que mantém restrições mais amplas à empresa, terem adotado a mesma medida.
Também o Japão, cuja agência para a segurança no ciberespaço classificou a firma chinesa como de “alto risco”, baniu as compras à Huawei por departamentos governamentais.
Como a China, o Vietnã também é um regime comunista, mas Hanói mantém-se apreensivo face ao país vizinho, com quem travou várias guerras ao longo da História.
Nos últimos anos, Hanói passou a denunciar de forma mais assertiva as movimentações chinesas no Mar do Sul da China, e tem-se vindo a aproximar dos Estados Unidos.
No ano passado, embarcações vietnamitas e chinesas enfrentaram-se ao longo de mais de três meses. As hostilidades ocorreram depois da China enviar um navio de pesquisa sísmica e navios da guarda costeira para águas territoriais do Vietnã, especialmente ricas em óleo e gás, para realizar atividades de prospecção.
A China reivindica a quase totalidade do mar do Sul da China, apesar dos protestos dos países vizinhos.