Plateia é aquele grupo de pessoas que sua participação é restrita a ser espectador. E esse grupo não tem participação alguma diante do que lhe é apresentado.
O espectador é capaz de ter os mais profundos sentimentos, mas não pode ir além de algumas expressões como aplauso, vaia ou mesmo permanecer em silêncio, sendo essa última produzida pela indiferença. Isso é plateia espectadora!
Por anos, o ‘público’ cristão foi considerado um grupo de pessoas posto à margem, mediante suas convicções e posicionamentos vividos diante de suas crenças, e, também, pela baixa participação em temas envolvendo a sociedade. Na verdade, era tido como plateia indiferente, que não expressava sua opinião pelo que acontecia ao seu redor — permanecendo sempre distante dos principais assuntos.
Se demonstrasse aspectos da sua fé, certamente seria discriminada. Seja qual fosse seu ambiente social, seriam taxadas como pessoas passivas e indiferentes ao que acontecia no palco da vida.
Hoje, com o advento da internet, presenciamos uma realidade bem diferente. Temas controversos como aborto, drogas, suicídio e eutanásia estão sendo trazidos para rediscussão, fazendo com que muitos cristãos e líderes busquem um posicionamento direto— defendendo uma opinião conservadora. Antes passivo, agora considerado até muito articulado nas opiniões.
Sem ficar na posição de plateia indiferente, que nada faz além de assistir, esse grupo cristão saiu para o ‘palco da vida’, desenvolvendo sua análise e opinião sobre política, segurança pública, educação, dentre outras temáticas.
E, não foi diferente com o episódio do ‘porta dos fundos’, quando lançou pela NetFlix o filme “a primeira tentação de Cristo”, em que Jesus Cristo é apresentado na condição de viver um relacionamento homossexual.
Houve uma reação em massa das lideranças evangélicas e pessoas de diversas denominações cristãs, que manifestaram repúdio ao ‘especial de natal’, e as reações foram do boicote até o acionamento judicial.
As críticas acabaram se dividindo, mas sem perder o sentido da opinião. Uns criticavam com veemência os idealizadores do filme; enquanto outros, faziam uma crítica mais branda, por enxergar que eles deveriam ser alvos da nossa misericórdia, em virtude de estarem ‘cegos’ espiritualmente.
A verdade é que não há produção, qualquer que seja, que não tenha intenção planejada.
E uma das possíveis intenções dos idealizadores do filme pode ter sido levantar o tema homossexualismo x discriminação — utilizando como plataforma algo que de fato chocasse, e ao mesmo tempo pudesse expor os cristãos a uma espécie de hipocrisia velada, quando diz que aceita o gay, mas o discrimina se visto na pessoa de Jesus Cristo.
Talvez inspirado na ideia apócrifa do filme ‘A Última Tentação de Cristo’, dirigido por Martin Scorsese, que apresentou Jesus Cristo em ato de fraqueza humana, tendo vivido um caso de amor com Maria Madalena, o ‘Porta dos fundos’ atentou para a uma espécie de quebra de paradigma, a fim desmistificar a figura de Jesus e banalizar por meio de uma estória satirizada, vindo a perder todo senso de conexão com o pensamento espiritual da maioria cristã desta Nação.
O que acontece é que, enquanto o ‘Porta’ apresenta seu ‘show religioso’, a plateia não mais reage silenciosamente, mas demonstra todas as formas de repúdio aquilo que lhe tem afrontado.
Parece que não se faz mais plateia como antigamente.
Bom, o que temos de certo e concreto na bíblia é: “Antes de tudo saibam que, nos últimos dias, surgirão escarnecedores zombando e seguindo suas próprias paixões”. (2 Pedro 3:3)