Imagem: Anderson C. Sandes
Lutero acreditava que Igreja e Estado eram como dois reinos: um seria a mão direita de Deus (a igreja), e outro a esquerda (governos seculares). Nesse primeiro reino Deus trabalharia de forma direta, e no segundo, de forma indireta. Poderia Deus usar o seu povo para trazer luz a assuntos políticos e fazer da política, também, um meio de evangelização e de fazer o bem?
Há algo de errado em um cristão estudar política, falar de política e até mesmo se envolver diretamente na carreira política de forma profissional? Não! Ao ler as Escrituras Sagradas é possível notar que o Criador é bastante político [1]: Deus deu autoridade para o homem governar sobre a terra (Gênesis 1:28); instituiu reis e juízes para governar e cuidar do povo (1 Samuel 8:22 – Juízes 2:16); deu aos Seus a Sua própria lei, carinhosamente escrita pelo Seu dedo (Êxodo 31:18) – o decálogo (dez mandamentos) –; e o próprio Cristo era bastante político, quem não se lembra da máxima: “Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”? (Marcos 12:17).
O Cristão tem uma missão neste mundo (Mateus 28: 19,20), a política é um ótimo instrumento para fazer a boa e santa vontade de Deus. É obvio que pessoas bem-intencionadas podem errar feio na carreira política, não digo que é uma carreira fácil. O Senhor deu dons a cada um e cada um deve reconhece-los e fazer uso deles. É preciso muita sabedoria divina e esforço intelectual (estudar e estudar) para fazer um bom trabalho e não ser arrebanhado por discursos ideológicos que vão de contra a vontade de Deus; dou aqui o exemplo do socialismo/comunismo.
Essa ideologia perversa tem destruído vários países ao longo das décadas, matando pessoas, gerando caos e perseguindo cristãos. É preciso que todo homem e mulher que queira agradar a Deus se afaste dessas doutrinas. No Século XIX a escritora norte-americana Ellen White já alertava a respeito de doutrinas semelhantes:
Bem depressa se aproxima o tempo em que o poder controlador dos Sindicatos será muito opressivo. […] no futuro o problema de comprar e vender será bem sério. […] Os homens têm-se aliado para se oporem ao Senhor dos exércitos […] Em cada cidade há agentes satânicos organizando, ativamente, em partidos os que se opõem à lei de Deus. Professos santos e descrentes confessos tomam posição ao lado desses partidos. Não é este o tempo de o povo de Deus mostrar-se medroso. Não nos podemos permitir estar fora da guarda um só momento. […] Os sindicatos serão um dos instrumentos que trarão sobre a Terra um tempo de angústia tal como nunca houve desde o princípio do mundo. (Ellen White – Vida no Campo, página 15)
Muita coisa interessante (inclusive de ordem escatológica) anda acontecendo no tocante a assuntos políticos no mundo, mas vejo poucos pastores e membros esclarecidos sobre o assunto. Há igrejas inteiras alheias a fatos políticos tão importantes, e que muitas das vezes as atingem de formas diretas. Há denominações que não se pronunciam a respeito de nada que envolva política e se rendem ao politicamente correto e outras formas de censura camuflada; deixam de dar suas posições a respeito de aborto, casamento gay, pedofilia, incesto, zoofilia, cultura, entre outros assuntos. Isso causa um mal terrível para o cristianismo e para a nação. Cristãos podem perder a liberdade religiosa (como ocorre em muitos países) por se calarem, não se informarem, e não agirem.
É preciso que líderes de igrejas e grupos se informem mais, estudem mais e busquem orientação divina para serem usados por Deus da forma mais sábia possível no que diz respeito a política. Os cristãos precisam acordar para o assunto. Os inimigos da liberdade andam “mexendo os pauzinhos” como nunca antes. Entendo o argumento de que: “Nada pode mudar as profecias… tudo tem que acontecer… são os sinais do fim… só Jesus pode mudar o mundo… blá blá blá… coisa de crente preguiçoso e conformado.
Está escrito: E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. […] De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria. (Romanos 12:2, 6-8)
Se não é possível mudar o mundo, que pelo menos não sejamos cúmplices do caos que está por vir. Que consigamos esclarecer o máximo de pessoas possíveis, usando os nossos dons e conhecimento oferecido por Deus, afinal: Se algum de vós tem falta de sabedoria, roga a Deus, que a todos concede liberalmente, com grande alegria. (Tiago 1:5)
Notas:
[1] Que aqui se entenda política como a arte de organizar e de governar, e não de formas pejorativas e com toda a carga negativa que o termo traz hoje em dia.
Texto de Anderson C. Sandes