O presidente americano Donald Trump e o presidente francês Emmanuel Macron entraram em confronto publicamente na Cúpula da OTAN em Londres ontem (3). Os dois líderes tiveram uma troca tensa de palavras sobre uma variedade de questões, da OTAN ao Estado Islâmico.
Sentado ao lado de Trump, Macron não recuou do que disse no mês passado, quando argumentou que a OTAN está sofrendo “morte cerebral” como resultado da diminuição da liderança americana da aliança sob a presidência de Trump.
“Eu sei que minhas declarações criaram uma reação, abalaram um pouco muita gente. Eu as sustento”, disse o presidente da França.
Trump repreendeu Macron por seus comentários.
“Eu diria que ninguém mais do que a França precisa da OTAN. Basta olhar para os últimos longos períodos de tempo. Ninguém precisa mais da OTAN do que a França. E, francamente, quem menos se beneficia dela são os Estados Unidos. Somos os menos beneficados. Estamos ajudando a Europa”, disse Trump.
Quando perguntado se os EUA estavam buscando “uma divisão maior da OTAN entre os EUA e os outros países”, Trump respondeu: “Não, não conosco, mas vejo a França produzindo divisão. Estou olhando para ele [Macron], e estou dizendo, você sabe, ele precisa de proteção mais do que ninguém e eu o vejo causando divisão. Então, eu estou um pouco surpreso com isso”.
A Casa Branca comunicou que Trump fez um favor importante à OTAN, exigindo que os países da OTAN paguem sua parte justa para manter a aliança viável.
“O presidente Trump tem lutado pelo aumento da carga compartilhada pelos membros da Otan e está funcionando. Mais de US $ 130 bilhões serão gastos em defesa pelos países membros!”, disse a Casa Branca no Twitter.
President Trump has been fighting for increased burden sharing by NATO members, and it's working. Over $130 billion in new defense spending by member countries! pic.twitter.com/JXspMyufPs
— The White House 45 Archived (@WhiteHouse45) December 3, 2019
Segundo os EUA, apenas 9 dos 29 países membros estão cumprindo a meta de gastar 2% do PIB anual em defesa.
Sobre a questão do Estado Islâmico (EI), Trump perguntou se a França estava disposta a trazer de volta terroristas franceses que foram capturados na Síria e em outras regiões.
“Temos uma quantidade enorme de combatentes capturados, combatentes do Estado Islâmico na Síria. E todos estão presos, mas muitos são da França. Muitos são da Alemanha, do Reino Unido. Eles são principalmente da Europa. E alguns dos os países estão concordando. Eu não falei com o presidente sobre isso. Você gostaria de receber alguns bons combatentes do Estado Islâmico? Posso dá-los a você? Você pode levar todos que quiser”, disse Trump.
Macron reconheceu que os jihadistas vieram da Europa, mas disse que a maioria deles é da região da Síria e do Iraque.
“Vamos falar sério: um número muito grande de combatentes que se tem no local são combatentes do EI vindos da Síria, do Iraque e da região. É verdade há combatentes vindos da Europa. Mas esses são uma minoria minúscula do total de problema que temos na região. E acho que a prioridade número um – porque ainda não terminou – é se livrar do Estado Islâmico”, disse Macron.
O presidente Trump respondeu: “É por isso que ele é um grande político, porque essa é uma das maiores não-respostas que já ouvi”.
Enquanto isso, Trump disse que dois líderes de membros da OTAN concordaram em abrir as portas para relações com a Rússia, insistindo que ambos acreditam que “seria algo bom manter uma boa relação com a Rússia”.