Na terça-feira (12), em sessão extraordinária no Parlamento, a conservadora Jeanine Áñez se declarou presidente interina da Bolívia, após apontar indefinição na linha sucessória do esquerdista Evo Morales. A senadora e advogada de 52 anos é oriunda da região nordeste de Beni, na fronteira com o Brasil.
Cristã, a presidente interina imediatamente fez questão de se destacar de Morales, um socialista que havia eliminado os juramentos religiosos.
Áñez entrou no Palácio do Governo com uma Bíblia – encadernada em couro – na mão e a faixa presidencial no ombro. Levantando a Bíblia acima de sua cabeça e com um sorriso largo declarou: “Deus permitiu que a Bíblia voltasse ao palácio [presidencial]. Que Ele nos abençoe”.
Jeanine Áñez foi escolhida pelo Parlamento por ter a capacidade de liderar o país fora da crise, provocada pelo socialismo de Morales, que fraudou sua reeleição no mês passado.
“De acordo com a ordem constitucional, é meu papel aceitar esse desafio com o único objetivo de convocar novas eleições. Estou comprometida em tomar todas as medidas necessárias para pacificar o país”, disse ela, em sua sessão de juramento.
Áñez tornou-se a 66º presidente da Bolívia e a segunda mulher a ocupar o cargo. A última mulher a servir como presidente da Bolívia foi Lidia Gueiler, que ocupou o cargo por menos de dois anos, antes de ser deposta em 1980.
Áñez prometeu realizar novas eleições “o mais rápido possível”.
“É um compromisso que assumimos com o país e, é claro, vamos cumpri-lo”, disse Jeanine Áñez.
Áñez serviu de 2006 a 2008 como membro de uma assembleia que redigiu a constituição atual. Ela é senadora desde 2010 e membro do partido político conservador Unidade Democrática. Ela foi nomeada segunda vice-líder do Senado, de acordo com a tradição de que todos os partidos estejam representados nos principais cargos.
A tomada de posse de Áñez foi aprovada pelo Tribunal Constitucional e provocou júbilo em sua cidade natal, Trinidad. O povo boliviano também comemorou em La Paz e outras grandes cidades.
Anez apoiou o uso da bandeira “wiphala” ao lado da bandeira nacional boliviana. O wiphala é um símbolo multicolorido dos povos indígenas andinos.
Referindo-se às acusações contra Morales, Áñez prometeu que “nunca mais uma eleição seria fraudada”.