A Eslováquia é o último Estado-Membro da União Europeia e não possui mesquitas em seu território. Políticos do país interromperam tentativas anteriores de permitir a construção do templo dos muçulmanos, orientada em direção a Meca.
O país não reconhece o Islã como uma religião e tem apenas alguns milhares de residentes muçulmanos. O Islã é proibido de ser ensinado nas escolas e os 5.000 muçulmanos, principalmente os europeus, que residem no país não são reconhecidos oficialmente. Eles representam apenas 0,1% da população.
Oposição à crise migratória
Poucas nações da União Europeia se opuseram a uma abordagem continental da crise migratória mais do que a Eslováquia. O país eslovaco provocou a ira de seus vizinhos europeus quando prometeu que a Eslováquia só aceitará migrantes cristãos e, depois dos ataques terroristas em Paris, prometeu monitorar “todo e qualquer muçulmano” no país.
“Somos uma nação cristã pequena e etnicamente homogênea. Se o multiculturalismo está falhando em lugares como Paris e Bruxelas, por que deveríamos tentar aqui?”, disse o político eslovaco, Luboš Blaha.
Em setembro de 2015, o Conselho de Ministros do Interior atribuiu à Eslováquia 802 refugiados no âmbito do regime de cotas. O governo concordou em dar refúgio a 149 cristãos, escolhidos a dedo, de campos deslocados internamente no Iraque.
“Você não pode ter uma política de migração de portas abertas em um país onde a opinião pública deseja exatamente o oposto”, disse o, então, primeiro-ministro esquerdista, Robert Fico.
Diferente da maioria dos países no mundo, na Eslováquia, tanto os políticos de esquerda quanto os de direita não concordam com as políticas migratórias da União Europeia.
Rydlo, historiador e ex-vice-presidente do Comitê de Relações Exteriores do parlamento, é membro do Partido Nacional Eslovaco (SNP) de direita e disse que quando se trata de migrantes e refugiados, há pouco a escolher entre esquerda ou direita no país.
“Nosso maior medo com a UE é que possamos perder nossa identidade nacional”, disse Rydlo.
Rydlo já foi refugiado – ele fugiu da repressão soviética durante a Primavera de Praga e se estabeleceu na Itália – mas sua experiência não o deixou menos cético em relação à perspectiva do multiculturalismo na Eslováquia.
“Os muçulmanos simplesmente não se encaixam aqui”, diz ele.
Ao contrário da Europa Ocidental com histórias coloniais, a Eslováquia nunca foi exposta a trocas culturais com o resto do mundo. Segundo uma pesquisa eslovaca de 2018, 80% do público eslovaco é contra a aceitação de migrantes no país.
Mudança da lei
Em 2007, parlamentares eslovacos mudaram as leis do país com o reconhecimento das 20.000 assinaturas de seus membros. Em 2017, o número de assinaturas dobrou.
O islã não ser reconhecido oficialmente como uma religião no país, traz grandes dificuldades para o grupo. Entre outras coisas, eles não têm permissão para ter líderes religiosos oficiais, realizar casamentos entre muçulmanos ou receber contribuições financeiras do Estado, direitos que outras 18 religiões reconhecidas possuem.
Islã como ameaça
Segundo políticos do país, o Islã é visto como uma ameaça séria.
“A islamização começa com kebab e em Bratislava já começou. Então, entenda como pode ser daqui a 5 a 10 anos ”, disse o deputado Andrej Danko.
“Todo europeu comum, cristão ou ateu teme essa criação satânica de pedófilos do diabo”, comenta outro parlamentar, Stanislav Mizik, em uma reportagem da TV TRT.
A TRT alegou que a Eslováquia viola as leis de direito e da liberdade de religião, asseguradas pela UE, ao não permitir a construção de mesquitas.