Outubro Rosa é o mês do câncer de mama, e, portanto, é dada atenção extra à doença.
No Brasil, o câncer de mama é o segundo tipo de câncer que mais acomete brasileiras, representando em torno de 25% de todos os cânceres que afetam o sexo feminino.
A maneira de fazer um diagnóstico é muito dolorosa para as mulheres e às vezes é chamada de “medieval”. Mas um novo método oferece esperança.
No Brasil, as mulheres fazem um exame preventivo para poder fazer o diagnóstico a tempo. Isso é feito com a ajuda de uma mamografia.
O seio é, por assim dizer, esmagado entre duas placas para garantir que a imagem de todo o seio possa ser exposta à radiação.
Segundo os cientistas holandeses, isso pode e deve ser feito de maneira diferente.
Mapeamento com o uso da luz e do som
Na Holanda, o professor Wiendelt Steenbergen, da Universidade de Twente em Enschede, está pesquisando com seus colegas como eles podem desenvolver um método pelo qual os tumores possam ser melhor mapeados e de maneira indolor.
Eles não fazem isso com radiação prejudicial, mas através do uso da luz.
A luz pode penetrar profundamente no corpo, mas é absorvida pelo sangue ao mesmo tempo.
São precisamente essas propriedades que tornam a luz adequada para a detecção de câncer.
Ou seja, os tumores se alimentam de sangue e desenvolvem seu próprio sistema de vasos sanguíneos para crescer mais rapidamente.
Um tumor tem mais sangue e, portanto, absorve mais luz que o tecido saudável.
Infelizmente, essa luz não é mais visível para nós, porque é completamente absorvida pelo sangue.
Isso é uma pena, porque se você sabe exatamente para onde essa luz vai, também pode determinar onde está o tumor.
Mas, felizmente, os cientistas holandeses encontraram uma solução para isso: o som.
Som
No momento em que o sangue absorve a luz, aquece um pouco.
Esse aquecimento faz com que o sangue se expanda e estimule o tecido circundante.
E aquele “empurrão” do sangue causa uma vibração na forma de som. E esse ruído pode ser medido.
Então é uma questão de cálculo. Os sons audíveis podem ser recalculados e ganhar forma.
Neste caso, a forma de um tumor.
Um tumor grande cria ondas sonoras maiores que um tumor pequeno.
E isso dá um som diferente.
“Você pode ouvir tumores, literalmente!”, disse o professor Steenbergen, da Universidade de Twente.
Técnica promissora e sem dor
Em resumo, combinando as propriedades da luz com as propriedades do som, é obtido exatamente as informações necessárias.
Os cientistas de Twente estão atualmente testando esse método em alguns pacientes voluntários.
Durante os exames, a mulher fica tranquila de bruços, e nos seios são colocados centenas de sensores que medem o ruído. Sem dor.
Se esses sinais forem combinados, os médicos obtêm uma imagem tridimensional dos vasos sanguíneos na mama e um possível tumor.
Segundo Steenbergen, ainda há um longo caminho a percorrer e ainda são necessárias muitas pesquisas, mas essa técnica é promissora.
No futuro, com esse método, eles esperam detectar o câncer de mama sem dor e o mais rápido possível.
No Brasil
Um levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) revelou que o Brasil somará cerca de 60 mil novos casos de câncer de mama em 2019, o que faz dele o tumor mais incidente entre as mulheres depois do câncer de pele não-melanoma.
Isso representa em torno de 25% de todos os cânceres que afetam o sexo feminino.
Para o Brasil, foram estimados 59.700 casos novos de câncer de mama em 2019, com risco estimado de 56 casos a cada 100 mil mulheres, segundo o INCA.
O diagnóstico precoce é fundamental, já que as chances de cura podem chegar a 95% quando o tumor é descoberto no início.
Sintomas
De acordo com o INCA, os principais sinais e sintomas da doença são: caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor; pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja, alterações no bico do peito (mamilo) e saída espontânea de líquido de um dos mamilos.
Também podem aparecer pequenos nódulos no pescoço ou na região embaixo dos braços (axilas).
Não há uma causa única para o câncer de mama.
Diversos agentes estão relacionados ao desenvolvimento da doença entre as mulheres, como: envelhecimento (quanto mais idade, maior o risco de ter a doença), fatores relacionados à vida reprodutiva da mulher (idade da primeira menstruação, ter tido ou não filhos, ter ou não amamentado, idade em que entrou na menopausa), histórico familiar de câncer de mama, consumo de álcool, excesso de peso, atividade física insuficiente e exposição à radiação ionizante.
Bons hábitos
A prática de atividade física e de alimentação saudável, com manutenção do peso corporal adequado, estão associadas a menor risco de desenvolver câncer de mama: cerca de 30% dos casos podem ser evitados quando são adotados esses hábitos.
A amamentação também é considerada um fator protetor.
Nos últimos anos, o INCA tem trabalhado com a população feminina a importância de “estar alerta” a qualquer alteração suspeita nas mamas (estratégia de conscientização), assim como tem desenvolvido ações com gestores e profissionais de saúde sobre a importância do rápido encaminhamento para a investigação diagnóstica de casos suspeitos e início do tratamento adequado, quando confirmado o diagnóstico.
Além de estarem atentas ao próprio corpo, mulheres de 50 a 69 anos devem fazer mamografia de rastreamento a cada dois anos.
Esse exame pode ajudar a identificar o câncer antes de a pessoa ter sintomas.
A mamografia nesta faixa etária, com periodicidade bienal, é a rotina adotada na maioria dos países que implantaram o rastreamento organizado do câncer de mama e baseia-se na evidência científica do benefício desta estratégia na redução da mortalidade neste grupo.
O INCA e o Ministério da Saúde lançaram a campanha Outubro Rosa 2019, que reforça três pilares estratégicos no controle da doença: prevenção primária, diagnóstico precoce e mamografia.
O mote da campanha é “Cada corpo tem uma história.
O cuidado com as mamas faz parte dela”.
Com informações, Tubantia e INCA