O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, participou nesta segunda-feira (23), na ONU, do “Chamado Global para Proteger a Liberdade Religiosa”. A reunião pediu medidas concretas para evitar ataques motivados por religião ou credo e garantir a santidade dos locais de culto para todas as fés.
“Na aliança pela liberdade religiosa lançada hoje em Nova York, tendo o Brasil como membro fundador, estaremos ao lado dos EUA e muitos outros países para proteger o direito de todos a praticarem sua fé em paz”, disse Ernesto Araújo em uma publicação no Twitter.
Aliança Internacional de Liberdade Religiosa
A Aliança Internacional de Liberdade Religiosa, lançada pelos EUA em 2019, será o foro permanente para monitorar abusos e violações à liberdade religiosa. Como membro fundador da Aliança, o Brasil demonstra seu compromisso com a promoção da liberdade religiosa.
Formado por contribuições de migrantes de diferentes religiões e culturas, o Brasil acredita que é seu dever promover o respeito a todas as formas de expressão religiosa em seu território e combater a perseguição religiosa em todas as suas manifestações.
Perseguição de cristãos
A fundação da Aliança Internacional de Liberdade Religiosa é algo inédito e poderá servir de ferramenta para o combate às perseguições religiosas em âmbito global. Por exemplo, a perseguição aos cristãos no mundo, que não é levada a sério como um tema de direitos humanos. Até o momento, há uma resposta insuficiente aos problemas dos cristãos. Pouca atenção é dada à perseguição aos cristãos.
Estatísticas
De acordo com um relatório da organização Portas Abertas, 1 em cada 9 cristãos experimentam altos níveis de perseguição em todo o mundo; 11 cristãos são mortos a cada dia por motivos relacionados à fé; e só em 2018, 4.136 cristãos foram mortos.
Portas Abertas é uma organização internacional que fornece suporte para os cristãos perseguidos por sua fé em vários países ao redor do mundo.
Na Síria, o número de cristãos caiu de 1,7 milhão em 2011, para menos de 450 mil. No Iraque, havia 1,5 milhões em 2003, hoje há menos de 120.000 cristãos.
Na Nigéria, vivem 80 milhões de cristãos, que nas últimas décadas têm sido regularmente confrontados com o terror da organização terrorista islâmica “Boko Haram” e dos nômades muçulmanos Fulanis. Cerca de 15.500 cristãos foram mortos por ataques terroristas destes grupos entre 2006 e 2016; e cerca de 13.000 igrejas foram destruídas no país, informou a organização americana, Christian Solidarity Worldwide. Só em 2015, mais de 4.000 pessoas foram mortas. E em 2018, mais de 1.700 cristãos foram mortos por terroristas muçulmanos Fulanis no país.
Países muçulmanos, hindus e comunistas
De acordo com outro relatório da organização Portas Abertas, a perseguição aos cristãos vem aumentando preocupantemente em países muçulmanos, hindus e comunistas. O relatório prevê um aumento de 14% no número de cristãos perseguidos em todo o mundo em 2019.
Todos, exceto três dos 15 países mais perigosos para os cristãos, são majoritariamente muçulmanos. Destas três exceções, duas são as nações mais populosas do planeta: Índia e China, que estão cada vez mais hostis aos cristãos.
O relatório também observa, que é motivo de preocupação, estas duas nações mais populosas do mundo, serem tão hostis ao cristianismo.
Índia
Pela primeira vez, a Índia entrou na lista ocupando o 10º lugar dos países mais perigosos para a prática do cristianismo. Isso significa, que a nação é mais hostil aos cristão, do que a Síria, que ficou em 11º lugar, ou mesmo o Iraque, em 13º lugar.
Segundo o relatório, a visão da Índia é: “um indiano deve ser hindu”, então qualquer outra fé – incluindo o cristianismo – é vista como religião estrangeira.
China
A China ocupa a 27º posição na Lista Mundial da Perseguição 2019. Neste país, a prática de espionagem, campanhas, detenções, ataques e agressões, são as formas mais regulares de perseguição; e a adoração é difícil mesmo em igrejas aprovadas pelo estado.
Com cerca de 100 milhões de cristãos, a igreja chinesa é a maior força social não controlada pelo partido comunista. E cerca de metade deles experimentam algum tipo de perseguição, informou Portas Abertas.
Em 2018, entrou em vigor no país um novo Regulamento para Assuntos Religiosos, proibindo crianças e jovens de ouvirem ensinamentos religiosos. Desta forma, escolas dominicais fecharam, acampamentos de verão foram proibidos e a entrada de menores de 18 anos nas igrejas foi proibida.
Em março de 2018, o presidente Xi Jinping foi autorizado a governar indefinidamente. Xi está usando as leis chinesas, como uma das muitas ferramentas para construir uma sociedade totalmente socialista-comunista e livre de qualquer sistema de crenças.
Coreia do Norte
O país mais perigoso para ser cristão é a Coreia do Norte, onde estes, são alvos porque são vistos como “perigosos” para o regime comunista. Este regime autoritário mais sufocante do mundo, defende que qualquer fé não colocada no líder supremo, Kim Jong-un, é considerado um crime político.
Cisjordânia, Judéia, Samaria e Gaza
Os territórios palestinos estão na 49º posição na lista do relatório. Cristãos palestinos enfrentam perseguição de muçulmanos, e a pior perseguição é reservada para aqueles que se convertem do islamismo ao cristianismo.
Aproximadamente 50.000 cristãos vivem nas áreas referidas como “Cisjordânia”, Judéia e Samaria. A maioria deles são membros da Igreja Ortodoxa Grega e cerca de 12.000 cristãos vivem em Jerusalém do lado árabe. A porcentagem de cristãos que vivem em áreas controladas pela Autoridade Palestina (AP) caiu de 9,5% da população para 1,37% desde a década de 1920. Esse declínio começou muito antes de 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, quando Israel capturou a Judéia e Samaria da Jordânia, que se juntou ao Egito e à Síria com o intuito de acabar com o Estado judeu.
A emigração cristã atingiu seu auge durante o primeiro ano da Segunda Intifada, que começou em setembro de 2000. Um total de 2.766 cristãos deixaram os territórios sob o domínio da AP naquele ano. Uma pesquisa realizada em 2001 mostrou que quase metade dos cristãos em Beit Jallah e Belém estavam com medo de um aumento das tensões com os muçulmanos nas cidades.
Em 2005, houve um violento golpe do Hamas em Gaza, que também lançou uma violenta campanha contra os cristãos, resultando na dizimação da comunidade cristã de lá. Estima-se que 1.200 cristãos ficaram em Gaza depois de 2005. Os demais migraram principalmente para as Américas do Norte e Sul.
Motivos
Os motivos do aumento das perseguições nestes países islâmicos, comunistas e hindus são diversos.
Entre os principais estão: a propagação do islã radical do Oriente Médio através da África Subsaariana; a tecnologia que possibilitou um monitoramento governamental mais rigoroso de seus cidadãos; e o autoritarismo estatal: mais países acrescentam leis de controle de religiões.
Caminha-se em direção de um aumento do autoritarismo estatal em muitas partes do mundo onde o islã, o hinduísmo e o comunismo se encontram; e associando isto à tecnologia digital, estes governos rastreiam cada vez mais, através de reconhecimento facial, chips eletrônicos e espionagem em smartfones, todos aqueles que se opõem às suas ideologias e crenças.
Veja a lista dos 50 países onde cristãos são mais perseguidos neste link.