Moradores da ilha africana de Madagascar encontraram o corpo da estudante britânica que saltou de um avião monomotor há duas semanas. O chefe da polícia local confirmou que o corpo de Alana Cutland, de 19 anos, foi encontrado em uma área rural nesta terça-feira (6).
Nos últimos dias, quatrocentos moradores de seis aldeias procuraram a estudante desaparecida. Temia-se que ela não pudesse mais ser encontrada numa selva com tantos animais selvagens.
Alana era de Milton Keynes, na Inglaterra, estudava na Universidade de Cambridge e estava em Madagascar para um estágio. Em 25 de julho, depois de abrir uma porta de um Cessna, ela pulou da aeronave.
Medicamento
Segundo a BBC, pode ser que Alana tenha tido uma reação negativa ao medicamento contra a malária que ela teve que tomar, apresentando alucinações como resultado. A estudante não pretendia cometer suicídio.
Investigação
Segundo investigações da polícia local, Alana, que chegou ao país uma semana antes de sua morte, estava frustrada com seu projeto de pesquisa.
Alana Cutland era estudante de Ciências Naturais da Universidade de Cambridge e viajou para Madagascar em julho para um estágio, com o objetivo de investigar uma espécie rara de caranguejo.
Sua viagem dos sonhos duraria seis semanas. No entanto, após seis dias, a jovem se encontrava em um estado terrível. Alana teve cinco ataques de pânico e estava completamente farta do estresse. Depois de muita insistência, seus pais conseguiram convencê-la a voltar mais cedo para o Reino Unido.
Testemunhos
De acordo com Ruth Johnson, uma compatriota que a conheceu na ilha, o estado mental de Alana causou grande preocupação a todos que conviviam com a jovem. Ruth ajudou Alana a preparar o seu retorno antecipadamente e a acompanhou no voo para casa que terminou em uma tragédia.
“Os pais de Alana estavam muito preocupados. A mãe dela me ligou com a mensagem de que ela não reconhecia mais a filha e sugeriu que ela voltasse imediatamente. Nós preparamos tudo para isso”, disse Ruth.
O gerente de projeto que supervisionou Alana durante seu estágio disse que ela mostrou sinais de paranoia durante a sua estada.
“Ela temia que acabaria na prisão se seu estágio falhasse. Ela parecia estressada e disse que estava tendo problemas para dormir. Dei-lhe descanso o resto do dia para que ela pudesse se recuperar “, disse o gerente.
Um médico aconselhou Alana a não tomar mais os comprimidos contra malária e lhe prescreveu um remédio para dormir.
“Sua condição piorou ainda mais nas últimas horas antes da partida. Ela estava olhando para o vazio o tempo todo. Ela não disse uma palavra, mas olhou para nós. As pílulas para dormir estavam na mesa, que ela não usara”, disse Ruth.
De acordo com testemunhas, fisicamente, Alana não parecia ter problema. Ela podia andar e claramente os ouvia. Seus amigos a levaram para um restaurante, onde ela comeu uma salada de frutas. E sob a orientação do médico, Alana subiu no avião com Ruth. Os amigos ligaram para a mãe da jovem e informaram que Alana estava a caminho de casa.
O voo
Cinco minutos depois de decolar, o drama aconteceu. Segundo o piloto, Alana não disse uma palavra, apenas abriu a porta da aeronave a uma altitude de 1.500m e tentou pular. Sua amiga Ruth tentou segurá-la pelas pernas, mas depois de dois minutos não teve mais força e Alana caiu. O piloto também não conseguiu detê-la.
“Eu ainda estava subindo quando de repente senti uma rajada de vento e ouvi Ruth gritar. Eu olhei para trás e vi Alana pulando do avião. Eu imediatamente comecei a voar em linha reta e tentei fechar a porta novamente. E Ruth segurou as pernas dela com força. Nós gritamos que ela deveria se sentar, mas ela não dava a mínima. Após cerca de dois minutos, ela conseguiu se desprender e caiu. Ruth estava histérica e voltei para o aeroporto”, disse o piloto.
Declaração da Família
O Ministério das Relações Exteriores britânico informou que a família de Alana prestou uma homenagem à garota.
Em um comunicado, a família Cutland descreveu-a como “uma dançarina talentosa que queria descobrir o mundo”.
“Nossa filha Alana era uma jovem inteligente e independente, que era amada e admirada por todos que a conheciam. Ela sempre foi amigável e apoiou sua família e amigos. Ela tinha um vínculo especial com muitas pessoas. Sabemos que eles sentirão muita a sua falta”.
“Alana aproveitou todas as oportunidades com grande entusiasmo e senso de aventura. Ela queria aprender e ganhar experiência constantemente. Ela estava particularmente entusiasmada em começar a próxima fase de sua educação. Um estágio em Madagascar foi um bom acréscimo ao seu estudo em Ciências Naturais.”
“Estamos profundamente entristecidos pela perda de nossa linda filha, que fez as pessoas sorrirem apenas por estar presente.”
A mídia britânica relata que o estágio era voluntário e foi iniciativa da própria Alana.
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