Nesta segunda-feira (10), o ex-chefe da ONU Peter Dalglish (62) foi considerado culpado de abuso sexual de menores por um tribunal do Nepal. Durante seu ofício para a ONU, o canadense trabalhou para crianças de rua no país do sul da Ásia.
Segundo Terre des Hommes, pesquisadores locais da organização receberam denúncias sobre possíveis abusos em abril de 2017. Porém, naquela época ainda não se sabia que Dalgish estava envolvido.
A organização abriu uma investigação e seguiu Dalglish, entre outros. Três meses depois, a organização compartilhou suas descobertas com a polícia nepalesa e o ex-chefe da ONU foi preso sob a suspeita de pedofilia.
Investigações
Estas investigações sobre as atividades do canadense começaram na Tailândia, onde ele trabalhou como membro do executivo de uma escola local. Neste local, já circulavam rumores sobre possíveis abusos. Então, uma investigação foi realizada e ele foi exonerado.
No entanto, pouco tempo depois, a polícia montada do Canadá recebeu um alerta sobre Dalglish, que repassou à Interpol. Esta, posteriormente levou as autoridades nepalesas a iniciar uma investigação sobre as atividades do canadense no país.
Prisão
Em 7 de abril de 2018, Dalglish foi preso em sua casa em Katike, no Nepal. Naquela época, dois meninos com idades entre 12 e 14 anos estavam em seu quarto. De acordo com o Hymalaia Times, os meninos foram abusados sexualmente.
O advogado das vítimas, Lok Bahadur Katwal, apresentou durante o julgamento declarações de vítimas, relatórios médicos e fotografias de abusos. Lok anunciou que pediu uma sentença de 13 anos de prisão e compensação em dinheiro para as vítimas, depois que Dalglish foi declarado culpado.
O juiz do tribunal distrital de Kavre, Arjun Adhikari, que julga o caso, informou que a decisão final será em 8 de julho.
Estratégia
De acordo com o chefe da investigação, Pushkar Karki, a estratégia de Dalglish foi abominável. Dalgish entrava em contato com as famílias pobres e necessitadas dos meninos, prometia viagens e também ajudá-los a obter-lhes uma boa educação. Dessa forma, ganhava a confiança das crianças e suas famílias. E então, abusava sexualmente dos menores.
Além disso, Karki informou que não é a primeira vez que caçam um pedófilo que trabalha para uma organização humanitária no país.
Peter Dalglish
Até recentemente, a carreira no setor humanitário de Peter J. Dalglish era invejável e, aparentemente, perfeita.
Em 2016, o governo canadense lhe concedeu a prestigiada Ordem do Canadá, o segundo prêmio mais importante do país, por sua dedicação em ajudar os mais desfavorecidos. Nos anos 80 era um dos co-fundadores da ONG Street Kids International, que mais tarde acabou se fundindo com Save the Children.
Entre 2010 e 2014, aconteceu o ponto mais alto de sua carreira profissional, com a missão da ONU no Afeganistão. Neste país, trabalhou como conselheiro do diretor da agência UN Habitat e se tornou seu diretor no país, em 2015.
Em 2002, antes de assumir esta posição reservada para altos funcionários da ONU, Dalglish trabalhou em um dos programas contra o trabalho infantil no Nepal. Em seguida, entre 2006 e 2010, tornou-se um dos diretores executivos da prestigiada Asia Children’s Fund, uma organização dedicada ao desenvolvimento da educação entre as crianças mais desfavorecidas da região.
Defesa
Desde o início do julgamento, Dalglish negou categoricamente todas as acusações contra ele. O ex-chefe da ONU está atualmente detido na prisão de Dhulikhel, aguardando a sentença final.
Com relação à situação atual de Dalglish, seu representante legal concluiu que ele está obviamente devastado pelo veredicto, assim como qualquer pessoa inocente estaria.
A ex-esposa do canadense, que mora na Holanda com a filha, ainda não deu declaração alguma sobre a condenação e os feitos de seu ex-marido .
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