No último mês de abril, a aldeia predominantemente cristã de Jifna, ao norte de Ramallah, foi atacada por membros armados do movimento palestino Fatah. Os terroristas da Fatah entraram na vila em alta velocidade, enquanto atiravam nos habitantes cristãos e tentavam incendiar casas com coquetéis Molotov.
O ataque aconteceu depois que uma mulher de Jifna registrou uma queixa contra o filho do oficial da Fatah, Khalil Rezeq, por dirigir de forma imprudente e agressiva e quase custando a vida de seu filho.
Então, Rezeq convocou uma reunião da Fatah, na qual foi decidido se vingar. A vingança não foi feita apenas por membros da Fatah, mas também por agentes oficiais da polícia palestina.
Moradores de Jifna escreveram em redes sociais, que a gangue de agentes da Autoridade Palestina e membros do Fatah apreenderam propriedades e os forçaram a pagar o chamado imposto ‘Jizyah’, para não-muçulmanos.
Os moradores foram informados de que a ‘Jizyah’ tinha que ser paga para obter “proteção” contra novos ataques. O imposto foi introduzido uma vez para punir os não-muçulmanos, por sua recusa em se converter ao islamismo.
Autoridade palestina
Após o ocorrido, os cristãos de Jifna exigiram que o primeiro-ministro palestino, Mohammad Ishtayeh, tome medidas para garantir sua segurança. Eles ainda expressam sua indignação sobre a passividade do líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, que é chefe da polícia e que não fez nada para punir os culpados.
Ishtayeh disse mais tarde que a comunidade cristã palestina é parte integrante da sociedade e que a Autoridade Palestina não permitiria danos aos seus membros.
Jifna é uma vila com cerca de 2.000 cristãos. Sendo que 400 destes decidiram emigrar para países ocidentais, desde a fundação da AP (Autoridade Palestina).
O fato de que membros da polícia da AP participaram do atentado, mostra que Ishtayeh agiu com hipocrisia quando disse que a AP “protegeria os cristãos”.
Declínio
Aproximadamente 50.000 cristãos vivem nas áreas referidas como “Cisjordânia”, Judéia e Samaria. A maioria deles são membros da Igreja Ortodoxa Grega e cerca de 12.000 cristãos vivem em Jerusalém do lado árabe. A porcentagem de cristãos que vivem em áreas controladas pela AP caiu de 9,5% da população para 1,37% desde a década de 1920.
Esse declínio começou muito antes de 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, quando Israel capturou a Judéia e Samaria da Jordânia, que se juntou ao Egito e à Síria com o intuito de acabar com o Estado judeu.
Mas na realidade, outros fatores desempenham um papel na emigração cristã nas áreas controladas pela AP. As mais importantes são as condições de vida, muitas vezes precárias, nas áreas sob controle da AP e o crescimento do fundamentalismo islâmico nestas áreas.
Essa tendência é mais visível em Beit Jallah e Bethlehem. Ambas as cidades palestinas tiveram por muito tempo uma maioria cristã dentro dos limites municipais. No entanto, a intimidação e muitas vezes a violência aberta por muçulmanos palestinos reverteu a situação demográfica nessas cidades. Em Beit Jallah, por exemplo, a maioria de 80% já foi convertida em uma minoria de 20%. Atualmente, há 30.000 cristãos vivendo em Belém e Beit Jallah, entre mais de 130.000 muçulmanos.
Emigração cristã
A emigração cristã atingiu seu auge durante o primeiro ano da Segunda Intifada, que começou em setembro de 2000. Um total de 2.766 cristãos deixaram os territórios sob o domínio da AP naquele ano. Uma pesquisa realizada em 2001 mostrou que quase metade dos cristãos em Beit Jallah e Belém estavam com medo de um aumento das tensões com os muçulmanos nas cidades.
Em 2005, houve um violento golpe do Hamas em Gaza, que também lançou uma violenta campanha contra os cristãos, resultando na dizimação da comunidade cristã de lá. Estima-se que 1.200 cristãos ficaram em Gaza depois de 2005. Os demais migraram principalmente para as Américas do Norte e Sul.
Fontes: Philos Project e Open Doors
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