Segundo o site Reuters, o ex-papa Bento XVI publicou um ensaio na Klerusblatt — revista mensal da Igreja de sua região nativa da Baviera, na Alemanha — cuja tese afirma que os escândalos de abusos sexuais na Igreja Católica são efeitos da revolução sexual dos anos 1960 e de uma decadência geral da moralidade.
Qualquer um que tenha estudado um pouco sobre movimentos revolucionários sabe que a tese do Papa é muito boa, e faz muito sentido. Revoluções* costumem criar problemas maiores do que os que propõe destruir. Em 2001, em artigo para O Globo, o professor Olavo de Carvalho escrevia em A transfiguração do desastre:
“Sempre que os esquerdistas querem impor um novo item do seu programa, alegam que ele é a única maneira de curar determinados males. Invariavelmente, quando a proposta sai vencedora, os males que ela prometia eliminar são agravados. […] Quando o Partido Comunista lançou seu programa de destruição das instituições familiares “burguesas”, consubstanciado no que mais tarde viria a ser a “liberação sexual”, sua alegação principal, elaborada pelo dr. Wilhelm Reich, era que homossexualismo, sado-masoquismo, fetichismo etc. eram frutos da educação patriarcal repressiva. Eliminada a causa, essas condutas desviantes tenderiam a desaparecer do cenário social. Bem, os últimos residuos de valores patriarcais foram suprimidos da educação ocidental entre as décadas de 70 e 80, e o que se viu em seguida? A disseminação, em escala apocalíptica, daquelas mesmas condutas que se prometia eliminar. Obtido o resultado, essas condutas começaram a ser celebradas como saudáveis, dignas e meritórias, e toda crítica a elas passou a ser condenada — às vezes sob as penas da lei — como abuso intolerável e atentado contra os direitos humanos.”
É evidente que a revolução sexual trouxe problemas gravíssimos para o ocidente, incluindo a “objetização” da mulher, problema que os movimentos revolucionários de hoje juram querer resolver. Também é evidente que antes da revolução sexual já haviam casos de abusos por parte de sacerdotes, mas nada como uma revolução para potencializar ainda mais o problema não só na espera religiosa, mas em todas as esferas. E assim será com todas as revoluções, seja na liberação sexual, do aborto, da maconha, etc… sempre criarão mais problemas que resolverão.
* O conceito de revolução usado aqui é o de movimentos intelectuais que estudam formas de transformar uma nação, ou o mundo, por meio da mudança da cultura, política ou até morticínios.
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