A Culpa é da Igreja! Será?!?!
Sempre que ocorre acontecimentos trágicos, imediatamente, o pensamento de alguns grupos cristãos é remetido a responsabilizar a igreja.
Há os que argumentam que se a igreja tivesse se aplicado mais a evangelização, isso ou aquilo não estaria acontecendo; outros, dizem ainda, que falta uma igreja com mais poder na terra.
Bem, será que a Igreja tem culpa quando episódios de massacres acontecem sem explicação, como os de Suzano e Nova Zelândia, ambos ocorrido nos dias 13 e 14 de março, respectivamente? Se enxergarmos assim temos que culpabilizar a igreja pelas desgraças que acontecem todos os dias em variados lugares, e sem cessar.
Obviamente, não temos informações suficientes sobre as maldades que acontecem diariamente.
Monitorar os reais números das pessoas que são assassinadas, cometem suicídios, se entregam a prostituição, se lançam ao adultério, se envolvem com drogas, praticam corrupção, mentem e pecam todos os dias… essa é uma tarefa praticamente impossível.
Arrisco que, por um lapso de má interpretação sobre o propósito da Igreja na terra, tendemos a admitir que epsódios como esses são reflexos de uma igreja que não evangeliza.
Será mesmo que a culpa e da Igreja? Seria culpa de Deus o fato de Adão ter pecado? Deus não transmitiu corretamente sua mensagem a ele? Claro que não!
Quando Jesus chegou a essa terra e mesmo antes de instituir sua Igreja, já existia toda sorte de perversão, maldade e malignidade na sociedade da qual ele fazia parte.
Não encontro nas escrituras Ele distribuindo culpa sobre os profetas antigos pelos pecados dos Reis.
Ele também não se culpa pelos atos do ser humano da sua época, ou que pouco tem feito para evitar tragédias entre as pessoas; bem como, não encontro nos textos bíblicos Ele comissionando sua igreja como responsável por varrer toda desgraça que envolve a sociedade, e, mesmo porque, Ele não se pôs responsável por isso.
Essa, pelo menos, não era a preocupação com que se ocupou.
Sobre a questão da culpa, essa não é a plataforma que deve ser reassumida, com a finalidade de justificar alguma coisa, pois Jesus entregou sua vida com o propósito de retirar a “culpa” no sentido espiritual, mas não para realocá-la sobre os seus, por haver alguma desordem moral na sociedade.
De uma coisa Jesus tinha certeza: se as pessoas se ocupassem em conhecê-Lo de verdade suas vidas não seriam mais as mesmas.
Ao coração de uma mulher Ele disse assim:
“Você não sabe o que Deus dá, nem quem é aquele que lhe pede água. Se soubesse, você teria me pedido e eu teria lhe dado água viva.” – João 4:10
Ao coração de um homem corrupto Ele afirmou palavras que o fez querer alterar o curso da sua existência:
“Olha, Senhor! Estou dando a metade dos meus bens aos pobres; e se de alguém extorqui alguma coisa, devolverei quatro vezes mais”. – Lucas 19:8
Na verdade, quando as palavras de Jesus se encontravam com o coração de homens e mulheres daquela época, havia uma resposta que precisa ser dada, o sim ou o não, seguir ou não seguir.
Entretanto, Jesus e os discípulos não conseguiram ver a conversão de todas as pessoas com quem eles estiveram frente a frente.
E, na verdade, não foi culpa deles a não conversão de todas as pessoas.
O apóstolo Paulo responde em sua carta aos Romanos:
“A ira de Deus é revelada dos céus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça, pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.” – Romanos 1:18,19
Quando o templo foi queimado em Jerusalém, nos ano 70 d.C., de quem foi a culpa? Dos discípulos, que eram deficientes na evangelização ou não possuiam poder do Espírito Santo sobre eles? Claro que não!
Deus não precisa de muita coisa pra fazer o que Ele quer que aconteça. Haja vista a história de Gideão, que com 300 venceu uma guerra.
Precisamos perceber que, soberanamente, Deus tem tudo em suas mãos, porém isso não nos exclui de experimentarmos intensamente uma vida de oração, jejum e interação com sua Palavra.
Se a Igreja realmente tem culpa, onde estão as respostas de Deus àqueles que incansavelmente oram, jejuam, evangelizam e operacionalizam seus dons? Simplesmente estão expressas nas formas que não podemos contemplar seu alcance!
As respostas estão misturadas aos trágicos acontecimentos da vida, entre alegrias e choros, dia e noite; onde uns vão dizendo “sim”, enquanto outros respondem “não”, àquele que por eles deu sua vida.
Mesmo com toda deficiência que a igreja apresente, isso não é suficiente para paralisar a obra que Deus quer realizar, mesmo porque a igreja é composta por pessoas que são marcadas pela vida, gerando sintomas emocional e espiritual, que precisam de tempo para crescer e amadurecer, e no tempo certo dar seu fruto pessoal.
Portanto, a culpa não é da Igreja, mas daquela que insistem em dizer “não” àquele quer ser Senhor das suas vidass.
Essas, buscam viver distante do plano original que Deus preparou para elas, sendo responsáveis exclusivamente por seu atos.
A Palavra da Cruz tem sido divulgada e anunciada de todos os modos, no sentido de que as pessoas se arrependam dos atos que desagradam o coração de Deus, e se voltem para àquele que pode lhes dar salvação e novas experiências na vida.
O que há é uma realidade a ser corrigida no posicionamento daqueles que se convertem ao Evangelho de Cristo; ou seja, além buscar maior nível de crescimento espiritual, também obter uma compreensão sócio-política, onde vai-se descobrindo e se envolvendo com as reais necessidades da sociedade, com o propósito de influenciá-la em seu processo de transformação, à menos que Jesus não nos tenha orientado assim.
Em sua época, fariseus e saduceus atuavam no contexto religioso e também político.
Esses foram contra argumentados por Jesus em várias situações, por exemplo:
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e de iniqüidade. Fariseu cego! limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo.” (Mateus 23:25-26). Havia um estilo de vida hipócrita por parte deles, e isso refletia depreciativamente na vida do povo.
Como cristãos precisamos nos empenhar em atuar na sociedade buscando trazer modificações ao que gera desordem; bem como, anunciar o Reino de Deus com seus valores para todos que estão ao nosso redor.
Entretanto, a situação caótica de uma sociedade não deve, necessariamente, servir como termômetro para medir a vida espiritual da igreja, onde somente pode ser avaliada dentro daquilo pelo qual Jesus assim determinou, como por exemplo a comunhão entre seus membros:
“Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13,34).
A presença do tráfico de drogas e a prostituição nas comunidades, onde as igrejas estão presentes, jamais pode ser atribuída a elas o peso de culpa pela não redução dos níveis de criminalidade, por exemplo.
Não se pode dizer que as igrejas não pregam dentro desses ambientes, pois o que mais existe são igrejas e “pontos de pregação” e pessoas evangelizando nesses locais.
Vamos sempre em busca de mais intimidade com Deus e alcançar o coração daqueles que perecem em seu próprio caminho!