Anna Coleman Ladd soube como transformar a vida de inúmeros soldados mutilados com suas máscaras criativas.
Há 100 anos a Primeira Guerra Mundial chegava ao fim. Na França, esta guerra ainda é chamada de “La Grande Guerre” (A Grande Guerra). O primeiro conflito global foi também o momento em que armas químicas apareceram em cena, o que explica o grande número de vítimas. A violência e o uso do gás mostarda custou a vida de 16 milhões de pessoas e 20 milhões de pessoas ficaram feridas ou mutiladas, tanto militares quanto civis.
A escultora americana Anna Coleman Ladd amenizou o sofrimento dos veteranos que tiveram seus rostos desfigurados pela guerra. Embora Anna não pudesse voltar no tempo, ela pôde realizar um ato nobre que marcou para sempre a vida de muitos homens corajosos e suas famílias.
História
Anna Coleman nasceu na Filadélfia, nos EUA, apesar de viver durante os seus estudos em Roma e Paris. Ela se casou com o médico Maunard Ladd e, juntos, foram morar na França quando seu marido se tornou médico da Cruz Vermelha Americana.
Anna se mudou para a França em 1917, onde conheceu Derwent Wood, um escultor inglês que que possuía em Londres, seu próprio atelier chamado “The Tin narizes”. Derwent criava máscaras de nariz em seu estúdio para soldados que haviam perdido seus narizes durante a guerra.
Anna, inspirada pelo escultor e com o apoio da Cruz Vermelha Americana, iniciou o seu próprio atelier, o “Estúdio Máscaras-Retrato”. Neste estúdio ela fez todos os tipos de máscaras para soldados, cujos rostos foram mutilados durante a Primeira Guerra Mundial.
A arte
Para fazer narizes, queixos, mandíbulas ou partes maiores do rosto, é preciso um conhecimento profundo de anatomia e também ter uma grande habilidade para moldar o material, algo que Anna já dispunha.
Em uma época onde a cirurgia plástica para muitos não era uma opção; esta foi a única possibilidade dada aos soldados, para que andassem nas ruas sem sentirem vergonha.
O trabalho de Anna Coleman começava com uma impressão facial de gesso, argila ou plasticina. A partir da impressão, ela fazia máscaras de cobre contendo zinco, o que lhes dava uma cor que parecia o máximo possível com a cor de pele do soldado. As máscaras com elásticos eram presas às orelhas, à parte de trás da cabeça ou eram ancoradas nos óculos.
A parte mais difícil do trabalho era recriar as partes do rosto o mais naturalmente possível, com os recursos que haviam na época.
Dignidade restituída
Pelo fato das máscaras serem feitas de metal rígido, estas não davam expressividade aos rostos dos soldados. No entanto, as máscaras devolveram a estes homens corajosos a dignidade e a capacidade de andar nas ruas de forma discreta, sem se lembrarem dos horrores da guerra.
Pelo seu trabalho altamente aclamado, Anna Coleman recebeu a medalha de Cavaleiro da Ordem Nacional da Legião de Honra da França. Depois, ela e o marido voltaram para os EUA, onde continuou a estudar os rostos.
Anna faleceu no dia 3 junho de 1939, na Califórnia, nos EUA; mas sempre será lembrada pela história.
Feliz dia Internacional da Mulher! #FelizDamaresDay