O brasileiro parece que tem encontrando, ainda que aos poucos, sua identidade perdida.
E essa tem sido uma resposta bem positiva,e pode ser percebida em função da reação que vem tendo diante do contexto político.
Nossa situação política e econômica — talvez sem precedente — vem exigindo de cada um de nós um mergulhar profundo em nossa realidade — sobre quem somos e quais as respostas concretas às interrogações da nossa existência, e não apenas sobre os problemas que afetam o país, mas também em soluções.
O brasileiro tem se posicionado de modo firme e franco no sentido da sociedade que deseja e não tolera mais.
Vemos constantemente que o nível de exigência junto aos poderes públicos, sem dar sinal de voltar atrás, tem sido um posicionamento crescente e até austero, como vemos nas redes sociais, mesmo após as eleições de 2018.
O tema corrupção ganhou a atenção plena do brasileiro, a partir da famosa “Operação Lava Jato”, fator principal de motivação que o impulsionou no investimento do seu tempo em pesquisar, questionar, debater e a compartilhar de todas as formas o que se descobria dia após dia.
Mesmo porque, vários reflexos foram gerados pela corrupção instaurada no país.
Parece que o dito popular “somos como o time do América, nada, nada… mas, sempre morre na praia”, não faz mais parte da vida do brasileiro, visto que seu posicionamento tem sido constante, mesmo “virando o Ano” e vivenciando a prisão de “tubarões políticos”.
O brasileiro não tem se dado por satisfeito apenas com a punição dos corruptos e corruptores.
Este mesmo brasileiro tem exigido mais que isso, desejando uma profunda mudança no comportamento político e social, e tem descoberto que tal transformação se dará mediante sua informação dos fatos do dia a dia — pois tem percebido que estão diretamente ligados a sua vida.
Todas as mudanças transformadoras que temos experimentado jamais teriam iniciado sem que ele, o brasileiro, tivesse dado as mãos as informações diárias, que vinham à superfície como convite a um aprofundamento.
Talvez tenha sido o período de tempo em que o brasileiro mais se envolveu em conhecer os fatos para de fato discuti-los, e poder desenvolver transformações ao seu redor.
Quando esse processo de conhecer os fatos acontece por meio da leitura, podemos começar a alterar o ranking, em que somos considerados um povo de pouca leitura e não muito afeito a ler.
Segundo a 3ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, a média de leitura do brasileiro é de 4 livros por ano, sendo apenas 2,1 livros até o fim.
“Mais brasileiros dizem, em 2015, que não leem porque têm alguma dificuldade para ler. Apesar dessa dificuldade ter sido mais citada nesta edição, os demais (60%) indicam dificuldade de compreensão ou habilidade leitora.”
Realmente, ainda somos um povo que lê pouco — o que lê é superficial, e quando lê pode desistir na menor complexidade do texto.
E isso o atinge diretamente quando as questões complexas da vida exige maior nível de aprofundamento.
A vida, naturalmente, se encarrega de trazer desafios complexos, que precisam ser conhecidos e solucionados, como: o equilíbrio das finanças, o desenvolvimento saudável dos filhos, o aperfeiçoamento profissional, etc.
Qualquer que seja a complexidade que envolva a vida do brasileiro, este precisará se envolver com todo tipo de leitura, a fim de desenvolver pensamentos que trabalhem na direção de soluções. Pois, de outra forma, o encontro com a complexidade, seja na vida ou na leitura, poderá ser uma “arma” com projéteis de impotências apontados contra si mesmo.
Deixo uma pequena reflexão muito conhecida: “me diga o que lês, e eu digo quem tu és!”.