Neste último sábado, 2, por meio do Twitter, o jornalista Alexandre Garcia comunicou a conquista do Prêmio Liberdade de Imprensa.
Garcia sempre foi corajoso e ultrapassou cinquenta anos de profissão.
Há dois anos, sobre o feminicídio, afirmou que é “invenção de quem pensa que homicídio é matar hômi” e questionou ‘mas homicídio não é matar primata do gênero humano, da espécie homo sapiens – não importa o sexo? Ou a biologia já sanciona mulher sapiens?’ e “então o assassinato de homem vulnerável seria androcídio?“.
Trajetória
Entre as citações célebres, salientou: “O repórter não tem que participar da notícia. Minha missão é contar o que houve”.
Aos 7 anos de idade ele atuou com seu pai, Oscar Garcia, em uma rádio. Aos 15 anos foi locutor na Rádio Independente de Lajeado. Estudou comunicação social na Pontifícia Universidade Católica (PUC/RS). Ingressou no jornalismo no Jornal do Brasil. Escreveu na editora de Economia. Tornou-se especialista em Bolsa de Valores. Trabalhou no Banco do Brasil.
A primeira cobertura internacional de Alexandre foi o fechamento do Congresso uruguaio em 1973, que iniciou uma ditadura no país. Em seguida foi transferido para Argentina, onde cobriu a crise política por três anos, mas teve que ser transferidos as pressas, após denunciar um esquema de corrupção.
Retornou ao Brasil em 1970. Atuou em Brasília durante o governo Geisel. Cobriu a viajem de Geisel ao Japão em 1976. No Jornal do Brasil permaneceu por dez anos.
Após a vitória de João Batista Figueiredo, tornou-se secretário de imprensa do governo.
Em 1983, ainda em Brasília, ingressou na TV Manchete. Entrevistou João Figueiredo. Ocasião em que o ex-presidente soltou uma das frases memoráveis: “Eu quero que me esqueçam”. Como correspondente internacional da emissora cobriu as guerras do Líbano, das Malvinas, de Angola e da Namíbia.
No final da década de 80 foi convidado pela diretoria da Globo para emissora, na capital do país. “Armando Nogueira dizia que eu estava inovando porque fazia gestos na televisão. Todo mundo ficava durão segurando o microfone, enquanto eu caminhava, fazia gestos. Ninguém fazia isso antes”, lembra.
Alexandre Garcia, teve um quadro com seu nome no Fantástico, no qual mostrava políticos em situações engraçadas e gafes. “Boni me mandou um bilhete, antes mesmo de eu entrar na Globo. Ele já estava anunciando a nova atração do Fantástico: ‘A crônica de Alexandre Garcia’. Arranjou imagem minha não sei onde”, diverte-se.
Foi repórter especial do Jornal Nacional, do Jornal Hoje e do Jornal da Globo. Cobriu a promulgação da Constituição de 1988 e as eleições presidenciais de 1989. Apresentou o programa Palanque Eletrônico, no qual entrevistou todos os candidatos à Presidência e mediou debates entre Lula e Collor no segundo turno das eleições.
De 1990 a 1995 foi diretor de jornalismo da Globo. Acompanhou a posse de Fernando Collor e o decreto do Plano Brasil Novo. Dos estúdios da emissora, tentou esclarecer espectadores sobre o plano Collor: “Foi um belo planejamento. Nós nos reunimos várias vezes para acertar o tom da cobertura, principalmente, para ver como fazer, como dar dinamismo. E demos muito destaque às entradas ao vivo”, lembra.
Cobriu a Rio-92, Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, no Rio de Janeiro. Em 1993, estreou no Jornal da Globo como comentarista político. Acompanhou o impeachment de Fernando Collor, a implantação do Plano Real, e a eleição de Fernando Henrique Cardoso em 1994 e 1998.
Em 1996, passou a apresentar o Espaço Aberto na Globo News. Em 1997, fez uma série de reportagens para o Jornal Nacional sobre a Justiça. Em 2012, o programa dele na Globo News passou a se chamar Globo News Política e, em seguida, Globo News Alexandre Garcia.
Entre 2001 e 2011, Alexandre Garcia apresentou o DFTV. De Brasília, acompanhou as eleições presidenciais de 2002, 2006 e 2010. Compôs a equipe do Jornal Nacional e foi comentarista do Bom Dia Brasil.
O jornalista assinou artigos em diversos jornais do Brasil e fez comentários políticos para 80 emissoras emissoras de rádio.
Alexandre Garcia é autor do livro Nos Bastidores da Notícia, lançado em 1990 pela Editora Globo.
Com informações, Terça Livre e Memória Globo