A cantora Daniela Mercury foi vítima da própria militância que apoia abertamente.
Durante o Festival Sangue Novo, ocorrido no último sábado (26) em Salvador-BA, as cantoras Larissa Luz, Luedji Luna e Xênia França criticaram a “apropriação cultural” praticada por Daniela Mercury, que recentemente lançou a música “Pantera Negra Deusa”, na qual exalta Wakanda, nação negra fictícia criada pelo universo Marvel.
“A pantera negra, a deusa / A mãe original do mundo / Mãe da única raça / A raça humana / Somos todos filhos da preta”, diz a letra de Daniela Mercury.
Larissa Luz foi a primeira a se posicionar:
“Está na hora de parar de usar de um discurso que não é seu para lucrar. Está na hora de parar de usar de um lugar de fala que não é seu para ganhar. Porque preto de alma não existe! O Brasil é um país que mata, é um país que humilha, um país que condena a cor da pele e não a cor da alma! Quem é preto é preto. Quem não é, não é! A música preta é nossa!”, disse a cantora, que em seguida foi muito aplaudida pela plateia.
“E Wakanda também, Wakanda também é nossa!”, completou Luedi Luna.
Vale ressaltar que, Wakanda – lar do super-herói Pantera Negra – foi criada por dois brancos americanos, o escritor Stan Lee e o desenhista Jack Kirby.
Confira o vídeo:
A lacradora @danielamercury fez uma música para homenagear Wakanda, a nação negra criada pela Marvel. Só que estas cantoras negras não gostaram nem um pouco disso e a acusaram de "apropriação cultural".
Eis a segunda lei do lacre: "quem com lacre lacra, com lacre será lacrado". pic.twitter.com/aaXA8NnNv9— Caneta Desesquerdizadora (@Desesquerdizada) January 29, 2019