O primeiro discurso de Hugo Motta (Republicanos-PB) como presidente da Câmara dos Deputados foi marcado por um tom elevado. Nas palavras de Motta, seu mandato será marcado um Legislativo fortalecido e menos dependente do Executivo.
Aos 35 anos, o deputado —o primeiro presidente da Casa nascido após o Regime Militar— usou sua fala para reafirmar o papel do Congresso em todas as decisões do governo, com ênfase na gestão do Orçamento da União.
Durante sua fala, Motta fez referências recorrentes à democracia e à Constituição, mas sempre as vinculando a temas de interesse do Legislativo. Um dos pontos centrais foi a defesa das emendas parlamentares impositivas, que desde 2016 reduziram a margem do governo federal para usar o orçamento como instrumento de negociação política.
Além disso, cobrou transparência “em tempo real de todos os Poderes”, em aceno mais rígido no debate sobre a fiscalização dos gastos públicos.
Outro ponto foi a crítica direta ao presidencialismo de coalizão, modelo que Motta classificou como um sistema que, na prática, se traduz em “locação, aluguel e empréstimo do poder semipresencial do Legislativo ao Executivo”. A mensagem tem sido vista como um rompimento com a dinâmica tradicional de troca de apoio parlamentar por cargos e verbas do governo.
Na avaliação do Planalto, a posição de Hugo Motta deixa claro, ao menos neste primeiro momento, que sua gestão buscará um Legislativo mais independente e ativo nas decisões nacionais.