O senador Sergio Moro (União-PR) prepara a retomada de uma de suas principais pautas legislativas em fevereiro, com o envio de um projeto de lei ao Congresso que classifica organizações criminosas como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) como grupos terroristas.
A proposta ganha impulso após a recente posse de Donald Trump nos Estados Unidos, onde o presidente assinou um decreto equiparando cartéis de drogas internacionais a organizações terroristas como Al-Qaeda e Hezbollah.
A decisão de Trump reforça a tese de Moro: as facções brasileiras já operam como cartéis, com práticas comparáveis às de grupos terroristas, como apontam especialistas. Nos últimos anos, o PCC tem expandido sua presença nos Estados Unidos, utilizando foragidos brasileiros para lavar dinheiro e realizar outras atividades criminosas.
Trump também anunciou uma política de deportação em massa de estrangeiros ilegais, começando por criminosos, o que pode afetar membros do PCC operando em território americano. Para Moro, tratar o PCC como organização terrorista é um avanço necessário para a segurança pública no Brasil.
Moro foi alvo direto do PCC, que em 2022 planejou sequestrá-lo e assassiná-lo durante o segundo turno das eleições presidenciais. Segundo a Polícia Federal, a organização chegou a alugar um imóvel na região metropolitana de Curitiba para servir como cativeiro. O plano foi frustrado, e oito envolvidos foram condenados na última quinta-feira (23) pela Justiça Federal do Paraná, com penas que chegam a 15 anos de prisão.
A relação de hostilidade entre Moro e o PCC se intensificou durante sua gestão como ministro da Justiça (2019-2020), quando liderou a transferência de líderes da facção para presídios federais de segurança máxima, além de acabar com visitas íntimas nesses estabelecimentos. As medidas reduziram a comunicação entre líderes presos e seus subordinados fora das prisões.