Em matéria publicada nesta segunda-feira (20), a Folha de S. Paulo trouxe um panorama da crise humanitária enfrentada pelos yanomamis. De acordo com o jornal, no auge da crise, ainda sob a gestão Jair Bolsonaro, aproximadamente 20 mil garimpeiros operavam em diferentes pontos do território, incentivados pela falta de fiscalização e pela retórica favorável à exploração ilegal de ouro.
A crise, diz o veículo, gerou impactos devastadores, como surtos descontrolados de malária e casos severos de desnutrição entre crianças e idosos. Em resposta, o governo Lula declarou emergência em saúde pública no território em 20 de janeiro de 2023. No mês seguinte, uma operação de desintrusão foi iniciada, em cumprimento a uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) que estava pendente de execução.
Apesar disso, o primeiro ano das ações emergenciais trouxe resultados limitados, conforme o jornal. Embora o garimpo tenha refluído em alguns momentos, ele retornou em diversas ocasiões, afetando negativamente a saúde dos indígenas, inclusive em áreas mais remotas. Em 2023, o Ministério da Saúde registrou 363 mortes de indígenas yanomamis, um número superior às 343 mortes notificadas em 2022, último ano do governo Bolsonaro. No entanto, profissionais de saúde alertam que a subnotificação durante a gestão anterior dificultou comparações diretas.
A Folha frisa também que durante o ano de 2024 o governo Lula deixou de divulgar os dados consolidados sobre óbitos de indígenas yanomamis. Os números disponíveis referem-se apenas ao primeiro semestre, com 155 mortes registradas, representando uma queda de 27% em relação ao mesmo período de 2023, quando houve 213 óbitos. Profissionais de saúde que atuam no território afirmam que essa demora é desnecessária e prejudica a transparência pública.
A reportagem da Folha solicitou os dados consolidados ao Ministério da Saúde, à Presidência da República e à casa de governo em Boa Vista, mas não obteve informações sobre óbitos, causas de mortes, faixas etárias ou a incidência de malária ao longo de 2024.