Em uma medida de amparo às famílias afetadas pelo vírus da zika, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ainda quando estava à frente do Palácio do Planalto, sancionou uma lei que garantia pensão vitalícia e indenização por dano moral a crianças com microcefalia e outras deficiências causadas pela doença. A proposta, que tramitava há quase dez anos no Congresso e é de autoria de Mara Gabrilli (PSD-SP), estabelecia o pagamento de uma indenização de R$ 50 mil e uma pensão mensal de até R$ 8.092,54 para cerca de 1.589 crianças.
Agora, no entanto, o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vetou integralmente o projeto, alegando “contrariedade ao interesse público” e “inconstitucionalidade”. A decisão do esquerdista gerou revolta entre as mães das crianças que seriam beneficiadas, que criticaram o governo pela falta de diálogo e pela publicação de uma medida provisória que, segundo elas, serviu como um “cala boca” ao oferecer um simples “apoio financeiro” sem resolver a questão.
“Governo cruel, desumano e que desalenta os mais necessitados em prol de manter os poderosos onde estão e todos desfrutarem do nosso suor, pagadores de imposto. Esse governo do PT é cruel. E todos que estão junto a eles serão lembrados como traidores da nação”, escreveu uma das mães nas redes sociais.
A ONG UniZika Brasil também se manifestou, acusando o governo de não ouvir as famílias afetadas e de desconsiderar suas necessidades. Em resposta, as senadoras Mara Gabrilli e Damares Alves (Republicanos-DF) disseram que vão recorrer, na busca da total derrubada do veto. Gabrilli externou: “Sigamos em frente. Contem comigo!”. Damares, por sua vez, defendeu que as famílias se mobilizem para pressionar o Congresso e, sob forte apoio popular, a oposição consiga reverter a decisão presidencial.