Os investidores estrangeiros retiraram R$ 32,1 bilhões do segmento secundário da B3 em 2024, o maior montante desde 2020, quando o déficit alcançou R$ 40,1 bilhões, segundo levantamento do Valor Data com dados da Bolsa de Valores.
O segmento secundário da B3 compreende negociações em que os investidores compram e vendem ações já listadas entre si, por meio de corretoras.
Motivos para a retirada
A maior aversão ao risco entre investidores externos está associada a:
- Preocupações com as contas públicas brasileiras, exacerbadas pelo déficit recorde superior a R$ 100 bilhões em 2024.
- Desvalorização do real, com o dólar ultrapassando R$ 6 pela primeira vez.
- Alta da Selic, que impactou negativamente o mercado de ações.
Em novembro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou um pacote de gastos em rede nacional, com o objetivo de conter o déficit. O governo prevê uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos.
No entanto, analistas econômicos destacam que as medidas não são sustentáveis nem capazes de atingir as metas previstas. Ele afirmou que o ceticismo do mercado em relação à eficácia do pacote está entre os fatores que contribuíram para a saída dos investimentos.
Superávit em Dezembro
Apesar do déficit acumulado, dezembro registrou um superávit de R$ 1,7 bilhão em investimentos estrangeiros, sinalizando uma mudança momentânea na tendência ao longo do ano.
Saldo de outros perfis de investidores
- Institucionais: Enfrentaram mais saques do que entradas, acumulando um déficit de R$ 37,5 bilhões em 2024, com retiradas de R$ 9 bilhões em dezembro.
- Individuais: Terminaram o ano com um superávit de R$ 30,8 bilhões no segmento secundário da B3. Em dezembro, a categoria registrou um saldo positivo de R$ 3,5 bilhões.