A inflação segue como uma das principais preocupações econômicas do Brasil, segundo os dados de novembro divulgados pelo IBGE nesta terça-feira, 10. Apesar da desaceleração do índice mensal, que caiu de 0,56% em outubro para 0,39% em novembro, a taxa em 12 meses subiu novamente, de 4,76% para 4,87%. Esse movimento coloca a inflação acima do teto da meta estabelecida para 2024, que é de 3%, com limite máximo de 4,5%.
Com esse cenário, o Banco Central se vê pressionado a aumentar novamente a taxa Selic na reunião de política monetária que termina nesta quarta-feira, 11. Além disso, o Boletim Focus divulgado na segunda-feira, 9, apontou uma piora nas expectativas futuras. A projeção de inflação para 2024 subiu de 4,4% para 4,59%, e os anos seguintes, incluindo 2027, também registraram aumentos, distanciando-se ainda mais do centro da meta.
Entre os fatores que impulsionam a inflação está a disparada do dólar, que já acumula alta de 25% em 2024, refletindo principalmente o risco fiscal do país. O governo não tem conseguido demonstrar controle sobre o aumento da dívida pública, o que gera desconfiança no mercado. Economistas estimam que a valorização de 10% no dólar eleva o IPCA em 0,4 ponto percentual, o que explica parte da pressão inflacionária deste ano.
A inflação de serviços, que acumulou alta de 4,71%, também preocupa. Por estar diretamente vinculada ao mercado de trabalho, sua desaceleração pode implicar em um cenário de atividade econômica mais fraca e aumento do desemprego. Outro ponto crítico é a inflação de alimentos e bebidas, que subiu 7,63% nos últimos 12 meses. As carnes, por exemplo, tiveram alta acumulada de 15,43%, revertendo o cenário de deflação observado em abril. A picanha, item simbólico para os consumidores brasileiros, passou de uma queda de 11,35% para um aumento de 7,8% em novembro, refletindo os impactos diretos no poder de compra da população.
Nas 16 capitais pesquisadas pelo IBGE, 10 já registram inflação acima do teto da meta, incluindo Belo Horizonte (6,54%), São Luís (6,22%), e Rio Branco (5,3%). O aumento de preços é disseminado por todas as regiões do país, e a pressão sobre itens essenciais, como alimentos, tende a intensificar a insatisfação popular com o governo.
O quadro inflacionário, somado à piora das expectativas, na avaliação do economista Douglas de Holanda, do The Doug Economist, indica um cenário ainda mais turbulento nos próximos meses, tanto para o controle de preços quanto para a condução da política econômica.