A disparada do dólar no Brasil, que agora se aproxima da máxima histórica, tem sacudido o cenário econômico do país nos últimos dias. Diferente de momentos anteriores, como o ápice da pandemia, hoje a pressão cambial ocorre em um ambiente onde as economias globais já mostram sinais de recuperação. Isso mostra claramente que são os fatores internos que estão influenciando esse comportamento de alta.
O que essa alta do dólar significa?
Em linhas gerais, o dólar elevado implica que nossa moeda, o real, está mais fraca. Isso ocorre quando o Brasil enfrenta incertezas econômicas que afastam investidores ou reduzem a confiança no mercado doméstico. A combinação de déficits fiscais, aumento da dívida pública e preocupações com o cenário político pode amplificar a demanda por dólar, já que ele é visto como um “porto seguro” em momentos de instabilidade.
Tá. A alta do dólar gera impactos no mercado econômico, mas e no cidadão comum? Também.
No mercado, a valorização do dólar cria uma reação em cadeia, encarecendo produtos e insumos importados. Empresas que dependem de matérias-primas ou componentes estrangeiros veem seus custos aumentarem, o que se reflete nos preços ao consumidor. No dia a dia, o brasileiro percebe a alta do dólar nos alimentos, produtos eletrônicos e até em medicamentos. Como o Brasil importa boa parte do que consome em combustíveis, isso também pesa diretamente no preço da gasolina, do diesel e, por consequência, nos fretes e nos custos de transporte.
Para a dona de casa, o aumento no dólar se traduz no encarecimento do mercado, onde alimentos e produtos básicos sobem de preço. Para o trabalhador, afeta o bolso diretamente, com o custo de vida subindo em um ritmo que o salário muitas vezes não acompanha. E para quem sonha em viajar ou comprar itens importados, como os produtinhos da SHEIN, ALIEXPRESS, por exemplo, o dólar mais alto torna esses objetivos ainda mais distantes.
Por que o governo Lula deveria estar agindo?
Dada a situação, o governo tem de atuar para evitar que essa alta descontrolada no dólar traga instabilidade prolongada. Uma das primeiras medidas é buscar controlar as expectativas do mercado, mostrando responsabilidade fiscal e um compromisso com políticas econômicas previsíveis. Isso inclui garantir que o gasto público não descontrole a inflação e não afugente ainda mais investidores.
Além disso, o Banco Central pode intervir diretamente, aumentando a oferta de dólar no mercado para estabilizar a cotação, mas essa é uma solução paliativa. Para resolver de forma mais duradoura, o Brasil precisa criar um ambiente econômico confiável, com previsibilidade nas contas públicas e confiança nos rumos políticos.
O governo Lula está fazendo o certo? Não.
O governo Lula 3 —termo usado para o terceiro mandato do presidente— vem deixando o mercado insatisfeito ao não atender a essas expectativas, repetindo uma marca das gestões do PT: o aumento desenfreado das dívidas públicas. Embora o endividamento em si não seja totalmente anormal, o problema está em sua destinação. Boa parte desses gastos não se volta a obras de infraestrutura ou investimentos em áreas essenciais, mas sim ao crescimento de cargos políticos, à criação de ministérios, à ampliação de alianças partidárias e ao populismo eleitoral.
Assim, recursos que poderiam beneficiar a economia de maneira ampla são direcionados para programas que favorecem grupos específicos, em movimentos que muitas vezes visam à manutenção do apoio político e à sobrevivência do governo. Mas como não há orçamento suficiente para sustentar essa estratégia, o governo força o país a um aumento de despesas que, na prática, acaba refletindo, entre outras coisas, na inflação e na carga tributária. Isso, inevitavelmente, recai sobre todos os brasileiros.
O mercado, que acompanha de perto esses sinais, vê com desconfiança essa falta de compromisso com as contas públicas, o que reproduz um cenário de fuga de capitais e de redução de investimentos. O real desvalorizado frente ao dólar é um resultado direto dessa instabilidade, criando um ciclo em que a falta de credibilidade econômica alimenta a alta cambial, dificultando ainda mais o rumo econômico do país.