O lobista Andreson de Oliveira Gonçalves está sendo investigado por supostamente vender decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo o portal UOL, conversas interceptadas indicam que ele cobrava quantias milionárias por essas decisões.
Em 29 de abril de 2020, Andreson mencionou ter recebido R$ 19 milhões em um processo sob relatoria da ministra Nancy Andrighi, afirmando que o cliente estava “feliz” com a decisão favorável. O caso está ligado a uma disputa empresarial entre a J&F e a MCL Participações sobre a Eldorado Celulose, envolvendo uma tentativa de anulação de aquisições que reduziram a participação acionária do grupo do Mato Grosso do Sul.
Envolvimento de ministros
A ministra Nancy Andrighi atendeu ao pedido da J&F, transferindo a competência da ação para São Paulo, conforme o contrato entre os acionistas. A J&F declarou que a decisão foi unânime na Segunda Seção do STJ e que não autorizou terceiros a representá-la.
Outra conversa interceptada aponta que Andreson teria cobrado R$ 3 milhões por uma decisão da ministra Isabel Gallotti em favor de um produtor rural em um processo de recuperação judicial. A Polícia Federal investiga o possível envolvimento de funcionários de cinco ministros do STJ: Og Fernandes, Nancy Andrighi, Isabel Gallotti, Paulo Moura Ribeiro e Antônio Carlos Ferreira. Andreson é suspeito de usar sua transportadora, Florais Transportes, para intermediar pagamentos.
Mensagens encontradas
Essas novas mensagens foram obtidas de um segundo chip de telefone do advogado Roberto Zampieri, assassinado em dezembro de 2023, e foram encaminhadas à Polícia Federal para análise. O material inclui minutas de decisões não proferidas e menciona diversos ministros, sugerindo um esquema de corrupção mais amplo.
Inicialmente, o inquérito focava na conduta de assessores e tramitava na primeira instância. No entanto, foi transferido ao Supremo Tribunal Federal (STF) após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificar transações suspeitas de uma autoridade com foro privilegiado. O relator é o ministro Cristiano Zanin, que enviou o material ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, para definir os próximos passos da investigação.
O que diz a defesa
A ministra Nancy Andrighi declarou que sua decisão no caso da J&F foi baseada no contrato de acionistas e reafirmou sua legalidade. Ela expressou perplexidade com as denúncias e colocou seu gabinete à disposição das autoridades para colaborar na apuração.
A defesa de Andreson e Mirian Ribeiro Gonçalves informou não ter acesso às mensagens e ao inquérito, argumentando que o conteúdo do celular de Zampieri só deveria ser utilizado na investigação de seu homicídio. Nancy Andrighi manifestou confiança nas investigações do STJ e da Polícia Federal para esclarecer o caso e punir os envolvidos, caso a corrupção seja comprovada.