O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) apresentou uma nova ação civil pública contra o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD), e dois servidores da prefeitura de Belo Horizonte, sob a acusação de extorsão e improbidade administrativa. O empresário Cacá Moreno, que celebrou contratos com a administração municipal, também é mencionado na ação.
O MPMG solicita a inelegibilidade de Kalil, Lopes e Moreno por um período de até 14 anos, além do reembolso total dos valores obtidos pela empresa Perfil 252, de Cacá Moreno. Esses valores são calculados sobre um total de R$ 103,5 milhões em contratos firmados e renovados entre 2021 e 2023 com a prefeitura de Belo Horizonte.
De acordo com a ação, assinada pelo promotor Leonardo Duque Barbabella, da 17ª Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, funcionários da prefeitura, a mando de Kalil, teriam pressionado a empresa Perfil 252, que já prestava serviços ao município, a pagar R$ 60 mil para a realização de uma pesquisa eleitoral.
Os documentos indicam que a pesquisa era crucial para Kalil decidir se deixaria o cargo de prefeito para se candidatar ao governo do estado em 2022. Moreno, por sua vez, teria condicionado o pagamento à renovação de um contrato de publicidade no valor de R$ 46 milhões para aquele ano, exigindo garantias de prorrogação durante as tratativas.
A investigação trouxe à tona conversas que evidenciam a pressão sobre Moreno.
Após as negociações e ameaças, a pesquisa foi realizada por uma empresa indicada por Adalclever Lopes, que era secretário de Governo de Belo Horizonte e também está sendo investigado. O pagamento foi feito em duas parcelas pela empresa de Cacá Moreno, que supostamente alterou o foco da pesquisa, incluindo outras questões de interesse nas perguntas, que foram realizadas por telefone.
O contrato com a empresa de Moreno foi renovado, e a ex-secretária de Assuntos Institucionais e Comunicação Social, Adriana Branco Cerqueira, também estaria envolvida nas negociações para facilitar a prorrogação dos documentos, o que a torna alvo da ação.
Agora, os documentos do MPMG serão enviados para a análise do Poder Judiciário.
Em nota, Alexandre Kalil afirmou que foi abordado pelo Ministério Público para discutir um suposto acordo e negou as acusações que lhe foram imputadas. Adriana Branco foi contatada através do e-mail registrado na página da prefeitura de Belo Horizonte, mas ainda não se manifestou. Já Adalclever Lopes não foi encontrado.
A empresa Perfil 252 divulgou uma nota oficial afirmando que não realizou pesquisa eleitoral para a prefeitura e que nunca teve qualquer relação comercial com Alexandre Kalil ou com qualquer outro agente público municipal, estadual ou federal.