Um mutirão de cirurgias de catarata realizado pela Prefeitura de Parelhas (RN) em 27 de setembro deixou 15 pacientes com infecção nos olhos, sendo que oito deles precisaram retirar o globo ocular. O procedimento, que aconteceu a poucos dias das eleições municipais, envolveu 50 pessoas e foi conduzido por uma equipe oftalmológica contratada pela prefeitura. O atual prefeito, Tiago Almeida (PSDB), que foi reeleito, justificou a proximidade do mutirão com a eleição, afirmando que os serviços de saúde não podiam parar por causa da campanha eleitoral.
A prefeitura de Parelhas alegou que as infecções foram causadas por uma bactéria. De acordo com a administração, após o ocorrido a gestão municipal passou a fornecer os suportes necessários para os pacientes afetados. A situação desencadeou a abertura de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) por uma das coligações da cidade, alegando abuso de poder político devido ao mutirão realizado em período eleitoral.
Francinete Maria de Azevedo Assis, de 61 anos, foi uma das pacientes que precisou remover o olho. Ela relatou sentir dores intensas logo após a cirurgia e buscou atendimento na rede particular em Natal, onde foi orientada a retirar o globo ocular para evitar a disseminação da infecção. Assim como Francinete, outros pacientes enfrentaram complicações graves, incluindo o pai da vereadora Francicleide de Souza (MDB), conhecida como Cleitinha, que também precisou passar pelo mesmo procedimento.
A Secretaria de Saúde Pública do estado informou que iniciou uma investigação sobre o caso em 4 de outubro, e que o levantamento das informações ainda está em andamento. A empresa contratada para realizar as cirurgias afirmou que seguiu todos os protocolos de segurança e que também segue prestando assistência aos pacientes. Conforme a empresa, as cirurgias foram realizadas na maternidade da cidade, utilizando toda a estrutura fornecida pelo município.