O segundo turno das eleições em Fortaleza neste ano tem marcado um momento histórico para a capital cearense. Pela primeira vez, uma candidatura de direita enfrenta diretamente a tradicional e hegemônica esquerda. Além de ser um feito inédito, o cenário político local está passando por um racha sem precedentes dentro da própria esquerda, onde lideranças de diversos níveis — desde figuras menos expressivas até as mais influentes — se recusam a apoiar o PT.
Desde que José Sarto, do PDT, foi oficialmente retirado da disputa de segundo turno, membros do partido têm sinalizado que não irão aderir ao bloco lulopetista no estado. O movimento surpreendeu o PT, que contava com o apoio de setores da esquerda e não esperava que essa ala se voltasse contra a própria coalizão. Embora o partido tenha aumentado o número de algumas prefeituras no Ceará, a má reputação da sigla, de Lula e de seus aliados ainda persiste.
Nos bastidores, o que se comenta é que apoiar o lulopetismo seria como cometer “suicídio em praça pública”. Diante da resistência inesperada, o PT tem tentado, de forma rápida, minimizar as perdas e reorganizar seu palanque. O racha entre as lideranças de esquerda já é considerado um dos maiores já vistos no Nordeste, e a debandada fragiliza ainda mais o bloco petista na busca pela prefeitura de Fortaleza.
Com isso, Evandro Leitão, candidato de esquerda, não contará com o apoio de peso que esperava, já que parte das lideranças opta pela isenção, enquanto outros têm declarado voto útil em André Fernandes, numa tentativa de impedir o retorno do PT ao comando da capital.