O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, solicitou que o governo antecipe a proibição do uso de cartão de crédito para apostas online, conhecidas como “bets”. O objetivo é evitar um possível aumento da inadimplência antes da regulamentação, que deve começar em janeiro do próximo ano.
Por enquanto, o uso de cartão de crédito para essas plataformas permanece permitido. Dados do Banco Central mostram que a inadimplência no crédito para pessoas físicas foi de 7,39% em julho, enquanto a média dos últimos 12 meses foi de 7,71%.
“Estamos bastante preocupados com o quanto isso pode comprometer a renda das famílias e ampliar a inadimplência, aumentando, inclusive, o custo do crédito”, afirmou Sidney nesta quinta-feira (12).
A preocupação é que a inadimplência cresça nos próximos meses, impulsionada pelo aumento das propagandas e pela entrada de novas plataformas de apostas online no mercado.
Isaac Sidney informou que já levou o pedido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. No entanto, ainda não há confirmação de que o governo atenderá ao apelo.
A proibição do uso de cartão de crédito para apostas de alíquota fixa, como apostas esportivas e jogos online, foi anunciada em abril de 2023, com a medida prevista para entrar em vigor a partir de janeiro. Essa norma, emitida pelo Ministério da Fazenda, também proibirá pagamentos em dinheiro, boletos, cheques, criptoativos e outros métodos que dificultem a rastreabilidade dos recursos.
Por outro lado, métodos de pagamento como Pix, cartão de débito, TED e cartão pré-pago continuarão autorizados para essas operações. Sidney ressaltou que o crescimento da inadimplência afeta tanto o sistema bancário quanto a economia das famílias.
Um estudo recente do banco Itaú revelou que o gasto anual dos brasileiros com jogos e apostas online, incluindo bets, cassinos virtuais, “jogo do Tigrinho” e outras modalidades que envolvem dinheiro, chegou a R$ 23,9 bilhões. Esse montante equivale a 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
A pesquisa mostrou que, para cada R$ 3 apostados nessas plataformas, os brasileiros perdem R$ 1. De acordo com os economistas do Itaú, os apostadores colocaram um total de R$ 68,2 bilhões e conseguiram sacar R$ 44,3 bilhões, com o restante ficando com as “bancas”.