O governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), criticou nesta segunda-feira, 26, a postura do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação às queimadas no Estado, afirmando que há uma “cultura de punição”. As declarações foram feitas durante uma entrevista à CNN Brasil.
“O que defendia o presidente [Jair] Bolsonaro é o que nós defendemos aqui, que é a geração de emprego, a oportunidade das pessoas e a defesa da atividade econômica”, afirmou Lima. “Hoje, no atual governo, nós temos uma cultura que se torna permanente que é da punição. Nos parece que a punição acaba se tornando uma regra, quando deveria ser a exceção.”
Lima sugeriu que, em vez de focar na punição, o governo deveria investir em projetos estruturantes para prevenir o problema recorrente das queimadas. Ele argumentou que os desmatamentos e queimadas no Amazonas são resultado de uma lógica econômica e que a repressão, como regra, não resolve a questão de forma eficaz.
“Como exemplo, quais as alternativas que são apresentadas para o pequeno agricultor daqui [do Amazonas] para não usar o fogo?”, questionou. “A gente tem uma série de possibilidades, como os sistemas agroforestais, adubo verde…”
“Nós temos algumas coisas que precisam ser encaminhadas na Região Amazônica, como por exemplo, regularização fundiária para que o pequeno produtor tenha acesso ao financiamento”, acrescentou. “Nós já aplicamos algo como R$ 80 milhões, já apreendemos e detivemos aproximadamente 160 pessoas.”
O governador do Amazonas, Wilson Lima, apontou que as apreensões de terras e recursos geralmente afetam os pequenos produtores, “que às vezes não têm a devida assistência técnica, não têm a documentação da terra e não têm uma outra alternativa a não ser o fogo, que acaba sendo mais barato”.
Lima enfatizou que, embora se posicione contra atividades ilegais, é fundamental oferecer alternativas de subsistência para a população da Amazônia. “Se não, todos os anos nós vamos estar, literalmente, só apagando fogo,” ressaltou o governador.
Número de queimadas na Amazônia dobrou em relação a 2023
O governador Wilson Lima informou que o número de focos de incêndio no Amazonas atingiu cerca de 8 mil entre julho e agosto de 2024, o dobro registrado no mesmo período do ano passado. Ele atribuiu esse aumento principalmente à estiagem severa que afeta a região.
Lima destacou que a seca intensa tem gerado graves problemas na área. “Nós temos problemas da ordem humanitária, porque muitas comunidades têm dificuldade de ter acesso a alimento e à água potável”, afirmou. “Além disso, a baixa dos níveis dos rios afeta a navegabilidade em algumas regiões, comprometendo o abastecimento local.”
O aumento significativo dos incêndios no Amazonas agrava um cenário já preocupante na Região Norte do país. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) indicam a presença de 1.336 focos ativos de incêndio em toda a região.
A queda nos níveis dos rios não só prejudica a navegação, mas também impacta diretamente o abastecimento de várias áreas, criando desafios logísticos e de distribuição.
As queimadas no Amazonas estão concentradas principalmente na Região Metropolitana de Manaus e no sul do estado, afetando especialmente os municípios que fazem divisa com Acre, Rondônia e Pará.
Para enfrentar essa situação, autoridades estaduais e federais têm unido esforços no combate aos focos de incêndio, trabalhando de forma coordenada para minimizar os impactos ambientais e sociais causados pelos incêndios.